Ao assumir o Consórcio da Amazônia Legal, o governador do Maranhão diz que percorrerá embaixadas para tentar desfazer o estrago causado pela política externa de Bolsonaro na agenda ambiental e aposta que o tema será decisivo nas eleições de 2022 — nas quais ele hesita sobre se lançar candidato.

O senhor vê as forças políticas se aglutinando em torno dessa agenda ou de uma candidatura capaz de fazer frente a Bolsonaro?

Tenho me empenhado por essa aglutinação. Às vezes, se você não organiza, a sociedade faz. O Rio não conseguiu fazer, mas São Paulo fez. Havia uma pluralidade de candidaturas e o povo convergiu na direção do (Guilherme) Boulos (PSOL) e o levou ao segundo turno. Nesse momento, se forma uma frente ampla em torno do Bruno Covas (PSDB) e ele ganha. Mas por que o Edmilson Rodrigues (PSOL) ganha em Belém? Porque teve o apoio inclusive do Helder Barbalho, governador do MDB. Por que meu colega (José) Sarto (PDT) venceu em Fortaleza? Porque tem o apoio do Tasso Jereissati (PSDB), PSOL, PT, todo mundo. Senão perdia para o Capitão Wagner (PROS). Deve-se em primeiro lugar aglutinar o máximo possível o campo da esquerda no primeiro turno. O ideal seria uma candidatura única. Se não for possível, que se chegue próximo a isso. E no segundo turno ampliar em direção aos liberais, do centro.

Hoje o governador João Doria tem ocupado o posto de principal adversário de Bolsonaro. Onde o senhor vê espaço para a esquerda?

Eu acho que eleição de 2022 muito provavelmente será uma disputa como na música de João Bosco e Aldir Blanc: Dois para lá, dois para cá. Dois candidatos mais do campo da esquerda e dois mais à direita. Não é o cenário que eu desejo. Defendo candidatura única. Mas é mais realista imaginar que serão dois-dois.

Ciro Gomes e Lula são nomes aventados à esquerda. O primeiro já concorreu três vezes e o segundo, defendido por setores do PT, não sabe se poderá ser candidato. Outros nomes podem emergir no campo da esquerda? O senhor gostaria de ser essa liderança?

Em meu caso, não me escalo. Sempre tem alguém que escala (meu nome). Se eu for mais um para criar divisão e eventualmente atrapalhar a ida da esquerda para o segundo turno, não me disponho a isso, seria uma incoerência de minha parte. Em nosso campo há nomes mais consolidados: o Ciro e o PT, de modo geral. Lula tem muito mais força eleitoral (entre os nomes do PT), mas o Haddad aparece bem nas pesquisas. O ideal seria juntar todo mundo.