Apesar dos apelos do clã Bolsonaro, são próximas a zero as chances de o PL desistir de recorrer da ação que move contra Sergio Moro por abuso de poder econômico durante a campanha que o elegeu senador e que pode cassar seu mandato.
Isso porque, além da multa de R$ 1,2 milhão que o partido teria de pagar ao escritório de advocacia, como mostrou Gabriel Sabóia, os efeitos dessa desistência seriam praticamente nulos uma vez que o PT afirmou que recorrerá.
Além disso, mesmo que houvesse uma construção política para que os dois partidos desistissem de levar a ação ao TSE, o Ministério Público entraria em cena para recorrer.
Uma eventual desistência do PL também teria de ser tratada com Paulo Martins, eventual candidato à cadeira caso Moro seja cassado. Paulo perdeu a vaga de senador por apenas 255 mil votos e é forte concorrente a vencer numa nova disputa. Ele teve 1.697.949 votos ante 1.953.159 de Moro.
A propósito, as legendas já trabalham no recurso. Isso porque foi feita ontem a publicação da decisão e o prazo para recorrer é curto: de até 3 dias.
Pressão do STF
Aliados de Jair Bolsonaro avaliam, nos bastidores, que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, decidiu prosseguir com a ação que pode cassar o mandado do senador Sergio Moro (União-PR) porque estaria sofrendo pressão de ministros do STF.
Nos últimos dias, Bolsonaro tentou convencer Valdemar a não recorrer da decisão do TRE do Paraná que absolveu Moro na ação que pede a cassação do mandato do ex-juiz no Senado por suposto abuso de poder econômico nas eleições de 2022.
Valdemar, contudo, ignorou os apelos do ex-presidente e disse a aliados que o PL pretende recorrer ao TSE. Na avaliação de bolsonaristas, o cacique partidário insiste com o caso por pressão de ministros do Supremo que veem Moro como um desafeto.
O presidente do PL, porém, nega a interlocutores estar sofrendo pressão de ministros do STF, onde é alvo de processos. Ao jornal O Globo ele disse que a sigla não pode desistir da ação por causa de suposta cláusula contratual com os advogados.
A decisão de Valdemar irritou Moro. Como noticiou a coluna, o ex-juiz procurou auxiliares de Bolsonaro na semana passada para cobrar explicações. Ouviu de volta que o ex-presidente segue trabalhando para convencer o PL a não recorrer ao TSE.