• A planilha de votos favoráveis à nomeação de Dino para o STF

    Está numa planilha de quatro páginas a informação mais sensível para as articulações políticas do governo Lula no Senado nos próximos dias – o mapa de votos que Flávio Dino deve ter na Casa no próximo dia 13, quando sua indicação para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) for submetida ao plenário.

    O levantamento foi feito pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), que é o relator da indicação de Lula na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Dino e Weverton almoçaram na residência oficial do senador, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília.

    Segundo os cálculos do próprio relator, o ministro da Justiça conta com 55 votos favoráveis, bem mais que os 41 necessários para selar a sua aprovação no plenário da Casa.

    Na planilha, com a relação de todos os 81 senadores, há três possibilidades de voto: “sim” (pela aprovação de Dino), “não” (pela rejeição) e “talvez” (o bloco de indecisos).

    Embora façam questão de propagandear os 55 votos que acreditam ter em favor de Dino, aliados do ministro da Justiça não abrem quantos seriam os votos contra e nem os indecisos – mas garantem que esse último grupo é “pequeno” e sem o poder de virar o jogo.

    Segundo Weverton, Flávio Dino já começou a procurar os colegas — iniciando pela base do governo e, depois, falará com parlamentares da oposição. Hoje à noite, ele participa de um jantar promovido pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) com lideranças do governo.

    “Você acha que não teríamos 41 colegas senadores e senadoras para aprovar um colega seu e mandar para o Supremo? Eu acredito que nós temos. E vamos ter mais de 50. Eu sempre costumo dizer que toda a construção é feita de baixo para cima. Você mapeia os seus, você primeiro conversa com os seus. Aí você vai avançando território”, afirmou Weverton.

    Do lado da oposição, a estimativa é a de que o ministro da Justiça já parte com 32 votos contrários, o que na prática já deflagrou uma “guerra de números” dos dois lados.

    Isso porque, somados, os supostos votos favoráveis a Dino do lado governista e os contabilizados como contrários do lado oposicionista excedem o total de 81 senadores.

    A última vez que o Senado rejeitou uma indicação do chefe do Executivo para o STF foi em 1894, durante o turbulento governo do marechal Floriano Peixoto.

    O retrospecto, portanto, joga amplamente a favor de Dino, embora a oposição esteja montando uma estratégia para tentar impedir sua indicação – que, de um lado, envolve uma campanha contra ele nas redes sociais, enquanto no Senado prevê trazer à tona casos que possam tirá-lo do sério.

    Encontros

    O ministro da Justiça, Flávio Dino, acelerou as articulações para a aprovar sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além de se encontrar nesta terça-feira com o relator da sua indicação, senador Weverton Rocha (PDT-MA), e com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre, ele já agendou uma reunião com a bancada do PSD para semana que vem e deve passar por um jantar nesta noite com lideranças do governo para traçar estratégias.

    Após o encontro, Weverton anunciou que seu parecer será favorável à aprovação do nome de Dino e projetou um resultado de no mínimo de 50 votos pela aprovação no plenário, 9 a mais do que o mínimo necessário.

    —Nós temos hoje muita tranquilidade em estar levando o relatório com a indicação para a aprovação do nosso sabatinado que será no próximo dia 13 de dezembro— disse o senador.

    Parlamentares da base acreditam que Dino tem chances de ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Casa, mesmo após a indicação do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o comando da Defensoria Pública da União (DPU).

    Para eles, apesar de Dino ter bastante resistência, a oposição não deve conseguir reunir mais do que 25 votos, insuficiente para derrotá-lo.

    Segundo aliados, Dino recebeu orientação do presidente Lula para conversar com os 81 senadores e estaria disposto a entrar no gabinete de todos os da oposição.

    Diante disso, o relator Weverton deve fazer o meio de campo e sondar quais nomes mais à direita estariam dispostos a conversar com Dino, entre eles, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

    Senadores já preveem uma sabatina de longas horas (8 a 10) devido ao costume de Dino de debater longamente os temas.

    —Eu falava hoje já com alguns senadores, inclusive os que não são muito próximos da base governista, dando esse depoimento. Flávio, durante 12 anos dele de juiz federal, não tem um caso concreto que alguém venha me dizer que ele utilizou a magistratura para beneficiar ou prejudicar qualquer que seja o campo político que não fazia parte da sua origem— disse Weverton.

    Além do encontro com o relator, Dino é esperado em um jantar esta noite que irá reunir lideranças da base do governo Lula. A intenção dos parlamentares é traçar estratégias para sabatina, encontros e votos.

    Dino também já agendou uma reunião com a bancada do PSD, na próxima semana, para conversar com senadores. (O Globo)

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