Em meio à previsão de que o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) assuma o Ministério das Comunicações, parlamentares do União Brasil na Câmara têm apelado para que o correligionário siga na liderança da bancada. A expectativa é a de que a reunião anunciada por Pedro Lucas, para “ouvir” os colegas sobre a ida para o Executivo, ocorra após a Páscoa. Por outro lado, há parlamentares que acreditam que o aceite de Pedro Lucas foi ‘segurado’ em razão da disputa e preocupação envolvendo seu sucessor.
A possível ida de Pedro Lucas para o Ministério das Comunicações gerou burburinho após o deputado não aceitar, ao menos publicamente, o convite do governo. Tal recuo ocorreu após a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, confirmar na última quinta, 10, o nome de Pedro Lucas como ministro. No dia seguinte, veio o pronunciamento do líder do União na Câmara, sem o aceite, às vésperas de uma semana esvaziada no Congresso em razão da Páscoa. Muitos deputados ‘emendaram’ o feriado e, assim como as pautas mais sensíveis da Câmara, a saída de Pedro Lucas da liderança ficou em banho-maria.
Para o governo, está certo que o deputado vai assumir a Pasta após o feriado. Já para parte da bancada, o que deve acontecer na próxima semana é a reunião em que o líder “construiria coletivamente” a decisão sobre o Ministério das Comunicações. Nesse ínterim, muitos deputados pediram para que Pedro Lucas permaneça líder, indicam relatos feitos ao Broadcast Político.
Há parlamentares que avaliam que uma eventual ‘recusa’ por parte de Pedro Lucas seria uma ‘escolha muito pessoal’ e dizem acreditar que o deputado vai ouvir a bancada. Por outro lado, alguns deputados consideram que a reunião seria um momento para que a cúpula do partido apenas comunique a mudança, mas com um gesto de preocupação com a escolha do próximo líder da bancada na Câmara.
A avaliação é a de que o movimento de Pedro Lucas, de segurar o aceite público do Ministério teria sido motivado justamente pela sucessão. Parte da bancada pede a permanência dele porque considera que ele está fazendo um ‘bom trabalho’. Outros querem defender outros nomes para o Ministério. E há quem considere que a demora na decisão de Pedro Lucas também está ligada ao receio de que alguém da oposição interna do partido – o grupo adversário do atual líder, mais alinhado à direita – tome o lugar na liderança.
Sobre a dinâmica de sucessão de Pedro Lucas na liderança, há diferentes correntes e avaliações dentro do partido: aqueles que defendem uma eleição o próximo líder da bancada, sem ‘escolhas prontas’; e outros que veem a possibilidade de o presidente da legenda, Antônio Rueda, estar ‘fritando’ o ex-ministro Juscelino Filho (União-MA) perante os deputados para indicar um aliado para o cargo.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, parte da bancada da legenda rechaça com veemência uma possível liderança da bancada por parte de Juscelino Filho, que deixou o Ministério das Comunicações após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por crime de corrupção com o suposto desvio de emendas parlamentares.
Além disso, a ida de Pedro Lucas fica em suspenso em meio ao embate, na Câmara, sobre o projeto de lei da anistia. O PL apresentou o requerimento de urgência na tramitação do texto nesta semana, inclusive com a assinatura de deputados de partidos que compõem o governo com Ministérios.
O partido da base com maior número de assinaturas em favor da urgência na Câmara é justamente o União. Os 40 signatários da legenda no requerimento representam 15,2% das 262 firmas. Além disso, o número equivale a 67,7% da bancada União Brasil na Câmara. Além de ter indicado o nome de Pedro Lucas para o Ministério das Comunicações, a agremiação está à frente do Ministério do Turismo, com Celso Sabino.
Apesar da cobrança pública de Gleisi e do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), sobre a ‘responsabilidade’ dos partidos aliados sobre as assinaturas, deputados – inclusive do União – afastam, pelo menos por hora, o peso de eventual pressão do governo. Um deputado do Centrão ouvido pelo Broadcast Político falou que é ‘só entregar’ o Ministério, explicando que as pastas cedidas pelo governo aos partidos da base estão “esvaziadas”, e alguns “não são mais nada”. (Estadão)