• Bolsonaristas, decepcionados com Tarcísio, apontam quatro motivos para público menor na Paulista

    Lideranças bolsonaristas admitem que o público da manifestação realizada na tarde do domingo (29/6) na Avenida Paulista, em São Paulo, foi menor do que o de atos anteriores.

    Líder do PL na Câmara e um dos organizadores da manifestação, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) avalia que o público menor seria resultado de uma combinação de ao menos quatro fatores:

    1. Copa do Mundo de Clubes da FIFA;
    2. Início das férias escolares;
    3. Fim de mês;
    4. Intervalo de tempo pequeno entre a convocação e o dia do ato.

    O protesto foi convocado por Jair Bolsonaro em 14 de junho, ou seja, 15 dias antes do evento. Na hora da manifestação, acontecia o jogo pelo Mundial de Clubes entre o PSG e o Inter de Miami.

    Poucas horas após o término do ato na Paulista, foi a vez de o Flamengo entrar em campo contra o Bayern, também pelo Mundial de Clubes. O jogo começou às 17h e terminou por volta das 19h.

    Levantamento realizado pelo Monitor do Debate Político do Cebrap da USP e a ONG More in Common estimou que o público do ato na Avenida Paulista no domingo teria sido de 12,4 mil pessoas.

    A medição foi feita às 15h40, momento de pico da manifestação, por meio de fotos tiradas por drones e sistemas de inteligência artificial. O ato se encerrou por volta das 16h, após o discurso de Bolsonaro.

    Contagem feita pelas mesmas instituições estimulou a presença de 44,9 mil pessoas no ato de 6 de abril na Avenida Paulista e de 18,3 mil pessoas em Copacabana, no Rio de Janeiro, em 16 de março.

    Bolsonarismo decepcionado com Tarcísio

    Além da sentida ausência de Michelle Bolsonaro no ato de ontem pró-Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, o discurso de Tarcísio de Freitas também foi motivo de mau humor entre os aliados próximos do ex-presidente.

    Explica um aliado de Bolsonaro:

    — O Tarcísio ignorou o Supremo e falou muito de passagem da anistia.

    A fala do governador de São Paulo, centrada nos ataques ao PT e ao governo Lula, foi vista como um discurso de candidato à Presidência, mas sem encampar as bandeiras do bolsonarismo.

    O fato de Tarcísio, mais uma vez, ter poupado o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal (STF) foi o principal ponto de queixa entre bolsonaristas, já que havia a expectativa de que alguma crítica fosse dirigida ao Judiciário. Eles avaliam que, com sua fala, o governador atrai a base do ex-presidente e evita carregar o ônus de se indispor com o Supremo.

    — O Brasil não aguenta mais a desfaçatez, o gasto desenfreado, a corrupção. O Brasil não aguenta mais o governo gastador. Quem paga essa conta dos juros altos são vocês. O Brasil não aguenta mais aumento de imposto, não aguenta mais o PT — disse o governador. As manifestações de Tarcísio para exaltar o capitão reformado e o coro “volta, Bolsonaro”, puxado pelo governador em São Paulo, são vistos nesse grupo de aliados do ex-presidente como uma estratégia de se mostrar fiel. Para eles, porém, Tarcísio já está focado em ser o sucessor de Bolsonaro em 2026, o que ele nega.

    O governador de São Paulo ganha cada ganha vez mais apoio no campo da direita como nome para concorrer à Presidência contra Lula, mas ainda enfrenta resistência forte dos filhos de Jair Bolsonaro e de aliados muito próximos do ex-presidente.

    (Metrópoles e o Globo)

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