• Bolsonaro diz a jornal americano que volta ao Brasil em março e admite risco de prisão

    Nos Estados Unidos desde o fim de dezembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que planeja retornar ao Brasil em março para, segundo ele, liderar a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração foi feita em entrevista ao jornal norte-americano “The Wall Street Journal”.

    Ao veículo, Bolsonaro se definiu como “o líder nacional da direita” e avaliou que “não há mais ninguém no momento”. O ex-presidente também defendeu que “o movimento de direita não está morto e continuará vivo” e disse que, ao retornar ao Brasil, trabalhará com apoiadores no Congresso e nos governos estaduais para promover políticas conservadoras caras ao bolsonarismo e que apoiará nomes do campo nas eleições municipais do ano que vem.

    Na entrevista, Bolsonaro apontou risco de ser preso ao retornar ao país: “uma ordem de prisão pode surgir do nada”. O ex-presidente citou como exemplo o caso de Michel Temer, que foi preso preventivamente no âmbito da Lava-Jato em 2019, após deixar a Presidência.

    Bolsonaro é alvo de cinco inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), além de duas ações penais nas quais é réu. Na semana passada, a ministra Cármen Lúcia, do STF, encaminhou para a primeira instância, a Justiça Federal do Distrito Federal, sete pedidos de investigação contra o ex-presidente, que perdeu a prerrogativa de foro.

    Bolsonaro também é investigado por incitar os atos golpistas de 8 de janeiro. Ao “The Wall Street Journal”, ele rebateu sua associação à invasão aos prédios dos Poderes.

    “Eu nem estava lá, e eles querem me culpar!”, disse. Bolsonaro minimizou o ataque golpista ao defender não se tratar de uma tentativa de golpe de estado: “Golpe? Que golpe? Onde estava o comandante? Onde estavam as tropas, onde estavam as bombas?”.

    Derrotado nas eleições presidenciais no ano passado, Bolsonaro afirmou ainda ao jornal americano que “perder faz parte do processo eleitoral”, mas voltou a lançar dúvidas sobre as eleições: “não estou dizendo que houve fraude, mas o processo foi tendencioso”, declarou. Na entrevista, Bolsonaro disse que está indeciso se concorrerá à Presidência novamente e afirmou que o trabalho no cargo foi “muito mais difícil” do que imaginava.

    Ao WSJ ele disse que perder faz parte em uma eleição e que não dá para falar em fraude, mas que o processo foi enviesado, o que o jornal descreveu como uma aparente tentativa de moderar as críticas ao sistema eleitoral brasileiro, depois de nunca ter reconhecido abertamente a derrota para Lula.

    Como noticiou o Painel, há a possibilidade de o ex-presidente passar por uma cirurgia assim que desembarcar no país por causa de problemas de saúde relacionados à facada sofrida na campanha de 2018. O médico Antônio Luiz Macedo, que cuida dele deste o atentado, disse estar de prontidão para o procedimento no intestino do paciente.

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