Os interrogatórios dos réus da trama golpista colocam nesta semana o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Primeira Turma do STF, frente a frente pela primeira vez. O ex-mandatário será ouvido durante a etapa de depoimentos dos acusados de integrarem o núcleo crucial, responsável pelo planejamento do plano de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. As audiências terão início nesta segunda-feira (09/06) e aconteceram presencialmente na sede da Corte ao longo da semana.
Bolsonaro e Moraes já estiveram na mesma sala durante o julgamento da denúncia, em março deste ano, mas não interagiram. O encontro entre os dois também se repetiu durante os depoimentos online de parte das testemunhas, ouvidas nas últimas semanas.
No interrogatório previsto para esta semana, no entanto, o contato direto entre eles será obrigatório, uma vez que Moraes é quem conduzirá as perguntas aos réus. O ex-presidente disse que não irá “lacrar” na ocasião e afirmou que estará “com a verdade ao seu lado”, ao comentar sobre o tema durante um evento do PL Mulher em Brasília na última sexta-feira.
Além dele, os demais réus e seus advogados estarão ao mesmo tempo na sala de audiências da Primeira Turma da Corte, local onde os julgamentos da trama golpista vêm ocorrendo. Os interrogatórios terão início com o depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que será ouvido primeiro por ter colaborado através do acordo de delação premiada. Na sequência, serão ouvidos os outros réus em ordem alfabética:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da ABIN e deputado federal;
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (DF);
- Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, além de candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
As falas serão transmitidas ao vivo pela TV Justiça e pelo canal do YouTube do Supremo e terão início a partir das 14h desta segunda-feira. Caso os interrogatórios não sejam concluídos no primeiro dia, outras quatro sessões também foram marcadas para acontecerem nas seguintes datas: 10/06 às 9h; 11/06 às 8h; 12/06 às 9h e 13/6 às 9h.
Assim como no julgamento das denúncias no início deste ano, o PT também foi autorizado pelo STF a transmitir ao vivo as audiências pelo canal de comunicação oficial do partido, a TvPT.
Entenda as etapas do julgamento
Em março, a Primeira Turma aceitou uma denúncia feita pela República (PGR) e tornou réus Bolsonaro e outras sete pessoas acusadas de integrarem o núcleo crucial do planejamento da trama golpista. Após o recebimento da ação, testemunhas foram ouvidas nas últimas semanas. Entre elas, estiveram nomes como os ex-comandantes do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior. Além deles, também falaram o vice-presidente da gestão Bolsonaro, o hoje senador Hamilton Mourão (Republicados-RS), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Finalizados os interrogatórios dos envolvidos nesta semana, o ministro Alexandre de Moraes novamente irá abrir um prazo para que acusação e defesas se posicionem no processo, para as chamadas alegações finais. Essa será a última fase do processo antes do julgamento, que será realizado com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, além do seu voto e dos outros quatro integrantes da Turma, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, pela condenação ou absolvição dos réus.