O delegado Maurício Valeixo, ex-chefe da Polícia Federal, afirmou, durante o depoimento prestado na manhã desta segunda (11), na sede da corporação em Curitiba, que o presidente Jair Bolsonaro lhe disse que não tinha nada “contra a sua pessoa”, mas queria um diretor-geral com quem tivesse mais “afinidade”.
A oitiva do homem de confiança do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro no inquérito sobre suposta interferência do presidente na PF teve início às 10h10 e durou mais de seis horas.
O depoimento de Valeixo foi agendado para a manhã desta segunda, após determinação do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da investigação que apura as acusações feitas por Moro a Bolsonaro quando anunciou sua saída do governo.
O decano atendeu a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e determinou ainda a oitiva de outros quatro delegados, três ministros e da deputada Carla Zambelli.
No depoimento, Valeixo disse que desde o ano passado teria comunicado por diversas vezes o então ministro da Justiça, Sergio Moro, seu desejo de deixar o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Ele foi questionado sobre acesso a relatórios de inteligência. Os investigadores o questionaram se em agosto de 2019 havia alguma investigação de interesse do presidente da República ou de seus familiares em curso na Superintendência do Rio de Janeiro. Valeixo disse que “desconhece” e que não foi solicitada nenhuma informação por parte da Presidência da República sobre investigações ou inqueritos em tramitação na Superintendência do Rio de Janeiro”.
Contrariando mais uma vez versão apresentada por Jair Bolsonaro, Maurício Valeixo relatou, no depoimento de hoje, que não comunicou aos superintendentes, numa reunião do dia 23 de abril, véspera de sua demissão, que iria pedir exoneração do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Valeixo contou que fazia reuniões semanais com os chefes estaduais da PF, mas que, antes daquela do dia 23, alguns superintendentes lhe enviaram mensagens com notícias de que ele iria sair.
No depoimento, Valeixo relata que, desde o meio do ano passado, na “crise” gerada pela substituição do superintendente no Rio por pressão de Bolsonaro, manifestava a Moro o “desgaste”, colocando o cargo à disposição do então ministro da Justiça. Contou que Moro lhe pediu que continuasse porque as conversas para sua substituição até então não haviam sido bem sucedidas. Moro cogitava Fabiano Bordignon, diretor do Depen; Valeixo preferia Disney Rosseti, número 2 na hierarquia da PF.
Valeixo confirma telefonema de Bolsonaro
O depoimento de Maurício Valeixo terminou há pouco, depois de quase seis horas.
O Antagonista apurou que o delegado confirmou ter recebido um telefonema de Jair Bolsonaro no dia 23, perguntando se concordava em sair da função, mas sem que lhe fosse dada qualquer alternativa.
Segundo Valeixo, nunca houve pedido seu para ser exonerado.
Da mesma forma, ele explicou que “estava cansado” do assédio do Planalto e, por isso, deixou Sergio Moro à vontade para trocar o comando da Polícia Federal. Da CNN e o Antagonista
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