O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu alta do Hospital DF Star, em Brasília, neste domingo (4), onde estava internado havia três semanas. Ele se recupera de uma cirurgia abdominal a que precisou se submeter após passar mal em viagem ao Rio Grande do Norte.
Mais cedo, em uma rede social, ele afirmou que deixaria o hospital neste domingo. Ele foi recebido por mais de 20 apoiadores que o esperavam na porta do hospital com bandeiras e fazendo filmagens.
“Depois de 3 semanas, alta prevista para hoje, domingo, às 10h. Obrigado meu Deus por mais esse milagre (12 horas de cirurgia). Obrigado Dr. Cláudio Birolini e equipe. Volto para casa renovado”, escreveu.
De acordo com os médicos, o risco do quadro voltar “nunca é zero”. A equipe recomendou que Bolsonaro mantenha um resguardo de três a quatro semanas, e que receber visitas ficaria a critério do ex-presidente.
Bolsonaro também chamou apoiadores a participar de uma nova manifestação em Brasília a favor da anistia aos envolvidos nos ataques aos três Poderes de 8 de janeiro de 2023.
“Meu próximo desafio: acompanhar A Marcha Pacífica da Anistia Humanitária na próxima 4ª feira, de 07 de maio”, completou.
A equipe médica, no entanto, contraindicou a participação no evento e afirmou que o ex-presidente deve evitar aglomerações e multidões devido ao risco de infecção.
“Nós passamos as instruções para o presidente para que ele não participe diretamente do ato, presencialmente do ato, porque isso não seria recomendado neste momento”, disse o médico chefe da equipe, Cláudio Birolini.
De acordo com ele, a recuperação de Bolsonaro foi acima do esperado. “Todas as interferências que ocorreram foram realmente solucionadas e agora ele está pronto realmente para gradativamente voltar à vida normal”, afirmou.
Na saída do hospital, o ex-mandatário falou com jornalistas e voltou a criticar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o governo Lula.
Disse que não dá para “essas pobres pessoas continuarem presas”, referindo-se aos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro de 2023. “É inacreditável que continuem essas narrativas ainda”, disse.
“É humanitário acolher a [ex-]primeira-dama do Peru por corrupção, mas a Débora [Santos, condenada a 14 anos de prisão], com duas crianças pequenas em casa?”
Ele também questionou o fato de o ministro ter liberado o acesso às provas contra ele nos autos que investigam seu envolvimento na trama golpista de 2022 apenas após a defesa.
“O senhor Alexandre Moraes acabou de dizer que agora entregou tudo para nós [em referência à decisão que liberou acesso integral às provas]. Ué, nós fizemos a defesa sem tudo. E mostrar o que aconteceu lá atrás e por que ele me vincula a 8 de janeiro, uma vez estando onde? Nos Estados Unidos?”
Bolsonaro ainda questionou o tamanho das penas aplicadas aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e reiterou o pedido de anistia. “Não teve uma gota de sangue, não teve uma arma de fogo, nada”, alegou.
O médico responsável pela cirurgia, Cláudio Birolini, se pronunciou e afirmou que o ex-presidente precisará manter repouso por até quatro semanas.
“Felizmente, tudo ocorreu dentro do esperado e, hoje, nós estamos aqui, depois de 22 dias internados, recebendo alta. Ainda em fase de recuperação. Eu espero que o presidente siga as orientações que foram passadas de resguardo pelas próximas três ou quatro semanas”, afirmou o médico.
Birolini sinalizou que Bolsonaro deve seguir uma dieta específica, mais pastosa, e evitar aglomerações e atividades físicas intensas. “Aí a gente vai deixar um pouquinho a critério dele, talvez receber uma ou outra visita, dentro do que ele acredita necessário, mas ainda de forma bastante reservada”, afirmou.
O médico também recomendou que Bolsonaro não participe da manifestação pró-anistia marcada para o dia 7 de maio, em Brasília. “Nós passamos as instruções para o presidente, para que ele não participe diretamente do ato, presencialmente. Isso não seria recomendável neste momento.”
Bolsonaro deu entrada no hospital no dia 11 de abril, quando foi transferido de Natal para a capital federal.
Na noite de sábado, o ex-presidente postou foto de seu abdômen aberto durante o procedimento e escreveu: “Como estavam as alças intestinais após o acesso à cavidade abdominal e liberação parcial das aderências”.
No X (ex-Twitter), a foto recebeu um “aviso de conteúdo”, advertência publicada para imagens fortes.
A última nota publicada pela unidade hospitalar, do sábado, informava que ele estava estável clinicamente, sem dor ou febre e com pressão arterial controlada.
Bolsonaro havia deixado a UTI (unidade de terapia intensiva) na quarta (30), depois de apresentar “boa aceitação de dieta líquida” e melhora progressiva dos movimentos intestinais espontâneos.
Diariamente, o ex-presidente vinha publicando fotos e relatos de seu estado de saúde em suas redes sociais. Ele chegou a conceder entrevista e fazer live em seu perfil.
Durante a internação, Bolsonaro foi intimado por uma agente do STF na UTI, acerca do caso em que é acusado de envolvimento na trama golpista de 2022.
Cerca de 20 apoiadores se mobilizaram para aguardar a saída do ex-presidente em frente do hospital neste domingo.