• Caso do ‘Rei do Lixo’ avança e ameaça implodir União Brasil; R$ 39 milhões foram em propinas no Maranhão

    O caso do empresário baiano Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo” e com cargo de confiança no União Brasil, continua a assombrar o partido. Integrantes da sigla ficaram aliviados, em dezembro, com a soltura do correligionário porque temiam uma acordo de delação premiada. Mas o caso chegou agora ao Supremo Tribunal Federal (STF), por causa de uma citação ao deputado Elmar Nascimento (BA), que tem foro privilegiado. As investigações têm potencial para implodir a sigla e abalar os rumos das próximas eleições, na avaliação de caciques políticos. Esse desfecho teria mais efeito em 2026, já que o processo deve se arrastar ao longo deste ano.

    Procurados, Elmar e o presidente da legenda, Antonio de Rueda, não responderam. Há um temor de que a investigação da Polícia Federal chegue a nomes de outros deputados, senadores e demais filiados da legenda com intenção de concorrer em 2026. Além do impacto direto nas candidaturas, esse cenário tiraria força do União Brasil nas negociações para a corrida presidencial. A sigla que tem três ministérios no governo Lula trabalha para lançar a candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ao Planalto.

    Marcos Moura é suspeito de liderar um esquema de desvio de emendas parlamentares, em contratos fechados por prefeituras na Bahia, Tocantins, Amapá, Rio de Janeiro e Goiás. Moura foi indicado para ocupar um cargo no União Brasil pelo vice-presidente da legenda, ACM Neto. O ex-prefeito não é investigado.

    A chegada do caso ao STF também pode gerar um embate direto da Corte com o senador Davi Alcolumbre, que é do partido e deve assumir a presidência do Senado em fevereiro. Parlamentares lembram que o provável sucessor de Rodrigo Pacheco (PSD) terá poder, por exemplo, para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre “abusos de poder” do Judiciário. Procurado, Alcolumbre não respondeu.

    R$ 39 milhões em propinas no Maranhão

    Documentos encontrados em um avião que transportava R$ 1,5 milhão apontado como dinheiro de propina pela Polícia Federal atrelam repasses intermediados por um operador alvo da Operação Overclean a R$ 170 milhões em supostos contratos com o município de São Paulo e os estados de Maranhão, Pará e Piauí.

    Uma planilha apreendida pela Polícia Federal (PF) revela que o esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos de emendas parlamentares liderado pelo empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, alcançava pelo menos 12 estados, incluindo o Maranhão, e movimentava valores superiores a R$ 824,5 milhões.

    O Maranhão aparece na planilha com um montante de R$ 39,3 milhões, posicionando-se entre os estados com os maiores valores identificados no esquema.

    De acordo com a PF, junto com o dinheiro e outros documentos “havia planilha indicativa de valores, entidades, pessoas vinculadas e possíveis contratos com os Estados de São Paulo, Maranhão, Pará e Piauí, atrelados à sigla ‘CA’, a sugerir Carlos André como responsável pelos ajustes, que totalizam a importância de R$170 milhões”.

    Segundo os investigadores, Carlos André aparece em conversas por aplicativo de mensagens com Alex Parente em que “solicita a realização de depósitos de vulto em contas de terceiros, sendo que muitos desses depósitos eram efetuados pela Empresa BRA Teles Ltda. ME”.

    A BRA Teles é apontada pela PF como de fachada, cujas contas bancárias são utilizadas pelos irmãos Parente “majoritariamente” para “pagamento de propina para servidores, quando a logística não permite a entrega do valor em espécie”.

    Carlos André também aparece em conversas com outros investigados na operação em que fala de “encomendas” a serem entregues “em sua casa, isto é, pessoalmente (afastando rastros), inclusive com menção à entrega de ‘robalos’”.

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