(Reuters) – Dentre os diversos critérios a serem considerados para a definição dos ministros do próximo governo, a escolha dos nomes também precisa levar em conta o custo-benefício de enfraquecer a bancada progressista no Senado caso sejam indicados senadores para o comando de pastas do Executivo, avaliam aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
A preocupação já percorria as conversas durante a campanha presidencial, e, agora na transição, voltou à tona.
“A prioridade tem que ser o Senado, isso vai ser levado em conta na hora de formar o governo, com certeza”, disse um petista que participa das discussões da transição.
Uma outra fonte, um parlamentar, avalia que o temor faz sentido, mesmo que se relativize a força de partidos da futura oposição, caso do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro e dono de uma bancada com ao menos 14 senadores.
“Não dá para segurar o Senado apenas com suplentes”, disse a segunda fonte.
O presidente eleito Lula conta, no grupo de parlamentares eleitos em outubro, com nomes de aliados experientes como Omar Aziz (PSD-AM), Flávio Dino (PSB-MA), cotado para o ministério da Justiça, e Wellington Dias (PT-PI). Os recém-eleitos e os demais senadores progressistas terão de fazer frente a nomes como Sergio Moro (União-PR), Damares Alves (Republicanos-DF) e o atual vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), entre outros.
Outro senador considerado bastante combativo no Senado, o líder da Oposição na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), participou ativamente da campanha de Lula e é cotado para assumir um ministério, o que poderia deixar um buraco no Senado.
Mais do que lidar com a oposição, o governo Lula terá de mostrar jogo de cintura para lidar com o centrão, poderoso grupo político, atualmente aliado a Bolsonaro, em fim de mandato.
Na terça-feira, o PL anunciou que fará oposição à próxima gestão. Por outro lado, outras siglas do grupo, como o PP, legenda do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), não estão necessariamente fidelizadas ao atual governo. Um eventual apoio a Lula, no entanto, deve exigir uma contrapartida, e exatamente por isso importa ter bancadas fortes na Câmara e no Senado, caso o próximo governo queira aprovar suas medidas.