Presidentes de PSDB, DEM, PV, Cidadania e Podemos se reuniram nesta quarta-feira para discutir uma candidatura de centro para a eleição presidencial de 2022, a chamada terceira via. Também participaram do almoço, na casa do advogado Fabrício Medeiros, em Brasília, representantes do MDB e do SD. Ao final do encontro, os dirigentes indicaram que houve um consenso: as legendas não vão apoiar nem a candidatura do presidente Jair Bolsonaro nem a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse consenso foi anunciado, em entrevista à imprensa ao fim do evento, pelos presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do Cidadania, Roberto Freire.
— O número de brasileiros que se posiciona hoje para uma nova alternativa é maior que o apoio a Lula ou Bolsonaro. Mas é uma maioria silenciosa, que não faz motociata nem manifestação. É para esses brasileiros que queremos falar — disse Araújo.
Roberto Freire afirmou que a reunião não discutiu nomes de possíveis candidatos.
— O ambiente para uma terceira via à Presidência é muito positivo. No momento, não falamos de nomes, mas de programas — afirmou Freire.
Foi o primeiro encontro presencial das siglas para discutir 2022 desde o início da pandemia. O evento durou pouco mais de duas horas e foi organizado pelo ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta (DEM-MS), apotando como presidenciável.
— A pandemia atrapalhou várias coisas, inclusive as conversas. Todos falavam por telefone, por vídeo… Então eu estava angustiado, pois falava com todos separadamente — disse Mandetta, anunciando que uma nova reunião do grupo está prevista para daqui a 15 dias.
O presidente do DEM, ACM Neto, deixou o evento sem falar com jornalistas. Publicamente, o ex-prefeito de Salvador nega ter se aproximado do presidente Jair Bolsonaro, mas, nos bastidores, é apontado como um possível apoiador de sua reeleição no próximo ano. Filiado ao mesmo partido, Mandetta afirmou que, na reunião, ACM Neto garantiu que não apoiará Bolsonaro em 2022.
— Há um conceito de unidade, de pacificação do país e de zelo pela democracia. Todos os partidos estão falando a mesma língua: os extremos agravam a crise brasileira. O compromisso de uma candidatura única começa. O compromisso é de caminhada, não de fim — disse o ex-ministro da Saúde.
Também participaram do almoço Renata Abreu, presidente do Podemos, e José Luiz Penna, que comanda o Partido Verde.
Representando o presidente do MDB, Baleia Rossi, que não foi ao evento, o deputado Herculano Passos afirmou que a ideia é o grupo indicar, até o início do ano que vem, o nome que encabeçará a chapa. Pelo SD, o deputado Áureo Lídio representou o presidente Paulinho da Força. Dirigentes que participaram do evento afirmam que o martelo em torno do nome será batido após a realização de pesquisas de intenção de voto para avaliar qual a candidatura mais forte.
Os presidentes do PDT e do PSL, Carlos Lupi e Luciano Bivar, respectivamente, foram convidados, mas não compareceram alegando já terem outros compromissos. O PDT tem Ciro Gomes como pré-candidato ao Planalto.
‘Candidaturas vão se diluindo’
Presidente do PSDB, Bruno Araújo citou as desistências de João Amoêdo (Novo) e Luciano Huck (sem partido), que anunciaram que não disputarão o Planalto no ano que vem. Para o dirigente, o tempo fará com que mais nomes de centro hoje colocados no páreo saiam da corrida eleitoral.
— Se isso possibilitar uma candidatura única, melhor. Se não for possível, que seja um número reduzido — disse o dirigente do PSDB, que tem no próprio partido quatro pré-candidatos à Presidência.
Indagado se a rusga entre DEM e PSDB em São Paulo — o governador João Doria atraiu seu vice, Rodrigo Garcia, ex-DEM, para o ninho tucano — poderia prejudicar a aliança nacional, Araújo respondeu que não.
— Criou uma dificuldade na relação do Doria, que é um dos pré-candidatos do PSDB, com o ACM Neto. Mas não afeta a estratégia (nacional). Em muitos estados o PSDB precisa do DEM. E, em muitos outros, o DEM precisa do PSDB.
Grupo quer atrair PDT, PSB, e PSL
Além do convite a Luciano Bivar (PSL) e Carlos Lupi (PDT), o grupo que planeja uma candidatura única pretende atrair para a mesa de conversas o PSB, presidido por Carlos Siqueira. O partido socialista tem uma grande amplitude, tendo em vista que há em seus quadros pessoas próximas de Lula, como o recém-filiado Marcelo Freixo, políticos próximos do governo e, também, defensores da terceira via. O Globo