• Em evento do PT, Lula homenageia condenados na Lava-Jato e Mensalão, que celebram retorno à política: ‘Justiça’

    O 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) marcou simbolicamente a reinserção política da velha guarda do partido que foi alvo de algumas das principais investigações de corrupção da história recente do país: o escândalo do Mensalão, nos anos 2000, e a operação Lava-Jato, a partir de 2014.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de citar nominalmente, logo no início de seu discurso, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-secretário de Finanças da legenda João Vaccari Neto e o ex-presidente do partido José Genoino. Os quatro são figuras centrais da trajetória do PT e enfrentaram condenações nos casos de corrupção.

    — Nós precisamos, daqui para frente, reparar os erros que cometemos. Se a gente não comenta os erros, podemos continuar cometendo. Estou feliz que o companheiro Delúbio está presente nesta plenária. Acho extremamente importante a volta do José Dirceu à direção nacional, João Vaccari, Genoino… — afirmou Lula, arrancando aplausos de uma plateia que misturava lideranças históricas e novas gerações do partido.

    Delúbio disse ao GLOBO estar “feliz de estar de volta” e que a fala do presidente “representa o resgate da política correta. Já Dirceu classificou o gesto como um ato de “justiça”.

    — A sensação é de quem nunca saiu da militância, da vida partidária. Importante fazer justiça a quem foi injustiçado — afirmou o ex-ministro, que foi condenado no Mensalão e na Lava-Jato, mas teve suas penas posteriormente anuladas por decisões do Supremo Tribunal Federal.

    Lula defendeu a união do PT e as alianças necessárias para ter uma base de apoio no Congresso. Em mensagem aos correligionários, o presidente disse que a sigla precisa “reparar erros” para não cometê-los novamente, e lembrou que o partido elegeu menos de 70 dos 513 deputados em 2022. “Se fôssemos bons como pensamos que somos, teríamos eleito 140 ou 150. Mas não é defeito só do PT, é de toda a esquerda”, ressaltou.

    Lula afirmou que consegue aprovar projetos no Congresso, como a reforma tributária, com “muita conversa e cedendo muitas coisas”.

    — Se não for assim você não faz política e não governa. Quando você ganha, você tem que cair na real, senão você não governa. Eu não preciso saber se o presidente da Câmara gosta de mim. Eu tenho que saber que ele é presidente de uma instituição e que eu preciso mais dele do que ele de mim, e preciso conversar. Porque ele ocupa um posto importante (…) Se a gente for analisar, um deputado é mais forte que um partido. O deputado recebe 50 milhões de emendas e fica fazendo acordo com vereador, prefeito.— ressaltou.

    Julgamentos e anulações

    No escândalo do Mensalão, revelado em 2005, o Supremo Tribunal Federal condenou dirigentes do PT por envolvimento num esquema de compra de apoio parlamentar durante o primeiro mandato de Lula. José Dirceu, então ministro-chefe da Casa Civil, foi apontado como “chefe da organização criminosa” e perdeu seus direitos políticos. José Genoino e Delúbio Soares também foram condenados por corrupção e formação de quadrilha. À época, o julgamento foi considerado um marco na história da Corte, mas anos depois passou a ser reavaliado por juristas e historiadores, que apontaram excessos e motivações políticas.

    Já na operação Lava-Jato, José Dirceu e João Vaccari Neto foram presos sob acusações de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de desvios na Petrobras. A operação foi inicialmente vista como um divisor de águas no combate à corrupção, mas foi posteriormente desmoralizada por revelações de parcialidade, conluio entre acusação e juiz, e irregularidades processuais. Em decisões mais recentes, o STF considerou a atuação do então juiz Sergio Moro como parcial e anulou diversas condenações, inclusive contra o próprio Lula, permitindo sua candidatura e eleição em 2022.

    Com as anulações, petistas passaram a defender a “reparação histórica” dos atingidos. O encontro em Brasília foi, para muitos dirigentes, uma expressão concreta desse processo.

    No próximo ano, Dirceu e Delúbio são tidos como candidatos a deputado federal. Questionado se pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026, Dirceu desconversou:

    — Meu foco agora é enfrentar o tarifaço. Eleição só no ano que vem — respondeu.

    O evento em Brasília foi também uma oportunidade para o PT reforçar sua identidade e tentar projetar unidade em meio aos desafios eleitorais de 2026. O novo presidente Edinho Silva tomou posse nesta manhã.

    Uma resposta

    1. Ver esses CANALHAS dessa quadrilha petista, SOLTOS, DEBOCHANDO e, pasmem pedindo prisão de alguém…É UM ESCÁRNIO !!! ESSE BRASIL É UM CIRCO MSM !!!!

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