Três comunidades indígenas no Maranhão têm visto o desmate da MATOPIBA com os próprios olhos: empresários e fazendeiros têm derrubado grandes porções de mata para estabelecer lavouras, pastagens e construir estruturas como silos, carvoarias, estradas e até aeroportos particulares. O Joio e o Trigo contou como uma empresa localizada na rua Augusta, em São Paulo, tem fazendas sobrepostas a partes não demarcadas das Terras Indígenas (TI) Porquinhos, Kanela Memortumré e Bacurizinho, e até mesmo de um Parque estadual.
No final da década de 1970, em meio à ditadura militar, as três áreas tiveram uma pequena porção de terra demarcada, porém, como esperado, sem a consulta aos Povos Indígenas. As áreas que ficaram “de fora”, e que estão em processo de demarcação hoje, é que tem despertado a ganância dos empresários.
A reportagem relembra que, em 2022, a FMJ União Agrícola do Nordeste adquiriu financiamento de quase R$ 3 milhões com o Banco do Brasil para produção de 4 mil toneladas de milho transgênico na fazenda Vale Verde. A fazenda tem 2.441 hectares sobrepostos à TI Kanela Memortumré. Outra fazenda da empresa, a Baixa Verde, tem 13.761 hectares e está totalmente sobreposta à TI Porquinhos dos Canela Apãnjekra – que foi adquirida em 2022 de uma associação de pequenos produtores rurais.
Um dos sócios da FMJ era o casal de empresários André Feldman e Juliana Alves Feldman, mortos num acidente de helicóptero em janeiro deste ano. O caso teve repercussão não só pela tragédia, mas por Feldman ser sócio e presidente da Big Brazil. A empresa é uma das 78 licenciadas para atuar no mercado das “bets” no Brasil e é operadora da Caesars Entertainment, conhecida por seus cassinos e hotéis em Las Vegas. Em resposta à reportagem, ela afirmou que não tinha relação com a FMJ.
O Banco do Brasil também foi questionado pela reportagem, informando que “possui um processo robusto e completo para identificação de situações desta natureza” e afirmou que “o financiamento está fora da Terra Indígena homologada Kanela”. Sobre a sobreposição da Vale Verde com a TI Kanela Memortumré, delimitada em 2012 pela FUNAI, o banco não se manifestou.
Em tempo: Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o “Índio do Buraco” não foi o último do Povo Tanaru, de Rondônia. Atuando a mais de 30 anos na região, o CIMI passou a investigar a possibilidade de contato direto dos Tanaru com o Povo Guaratira. A iniciativa foi motivada por relatos de uma família indígena em Rondônia sobre a matriarca, que contava a história de como nasceu e precisou fugir do território onde viveu o “Índio do Buraco”. A InfoAmazonia detalha sobre a investigação que está gerando um relatório. Já ((o))eco conta como uma decisão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF), na última 5ª feira (11), deu sinal verde para a criação de um parque nacional no local. (ClimaInfo)