O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a jornalistas pouco depois de se tornar réu pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que se estivesse no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023 estaria “preso até hoje”.
“Ou morto, que é o sonho que eu sei que é de alguns aí, porque eu preso vou dar trabalho”, afirmou.
Enquanto falava com a imprensa na porta do Senado, Bolsonaro foi surpreendido por um músico tocando com um trompete a marcha fúnebre e um “jingle” criado durante as eleições de 2022 para apoiar Lula (PT) e deu risada ao ouvir a marcha fúnebre de Chopin.
Bolsonaro encarou o episódio com bom humor e, depois de rir, disse que o som lembrava os seus tempos de militar.
— Saudade dos meus tempos de quartel, desse toque de corneta. Pode ser um sinal — disse.
Questionado sobre o seu futuro político, Bolsonaro disse não pensar em outro nome para concorrer à presidência em 2026, apesar de seguir inelegível, além de ter se tornado réu pelo STF.
— O candidato vai ser o Jair, o Messias ou o Bolsonaro, estou te dando três nomes possíveis. Não sei o porquê de eu estar inelegível. É injustiça — se esquivou.
Em relação ao projeto de lei que visa anistiar os condenados pelos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, Bolsonaro negou que veja o texto como uma possibilidade de brecha para reverter a própria inelegibilidade.
— A prioridade é soltar aquelas pessoas, que seguem presas. O Hugo Motta (presidente da Câmara) me disse que vai colocar para votar quando tiver a maioria dos líderes favoráveis — completou.
Por unanimidade, a Primeira Turma do STF decidiu tornar Bolsonaro e outras sete pessoas réus por tentativa de golpe de Estado.
Em cerca de duas horas, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, exibiu vídeos do 8 de Janeiro e citou elementos que, em sua visão, corroboraram a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Além disso, rebateu argumentos da defesa apresentados na véspera, como o envolvimento do ex-presidente na elaboração sobre uma minuta golpista.
Além de Moraes, votaram os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado.