• Flávio Dino diz a Fux que Roger Waters será preso se vestir uniforme nazista em show no Brasil

    Polícia alemã investiga Roger Waters por roupas usar roupas com alusão ao nazismo durante show

    Roger Waters não poderá usar o figurino que estiliza um uniforme nazista em sua turnê de despedida, “This is Not a Drill”, que apresentará no Brasil no fim do ano. Se tentar vesti-lo num dos shows que dará no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte, será preso pela PF.

    Ao menos foi o que Flávio Dino, garantiu nesta sexta-feira a Luiz Fux. Após um pedido de representantes da comunidade judaica, o ministro do STF entrou em contato com o ministro da Justiça. Alertou Dino sobre o que seria um crime de racismo. Portanto, o ex-Pink Floyd deverá ser acompanhado nos dias de seus shows no Brasil por agentes da PF, marcados para outubro e novembro.

    O que Fux fez ao ligar para Dino foi reforçar a oposição da comunidade judaica sobre a realização dos shows de Roger Waters no Brasil. Na semana passada, o Ministério da Justiça já recebera um pedido para que ele fosse impedido de entrar no país. A demanda, endereçada a Flávio Dino, foi assinada pelo advogado Ary Bergher, vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e presidente do Instituto Memorial do Holocausto, sediado no Rio de Janeiro.

    Caso Waters fosse entrar no Brasil de qualquer maneira, Bergher pediu que o ministro escalasse as polícias Federal e Civil para monitorar suas apresentações. E que as corporações tomassem providências se ele usasse o mesmo figurino nas capitais brasileiras — que é, aparentemente, o que será feito.

    No pano de fundo do caso, está a investigação que a polícia de Berlim abriu em maio sobre o uso por Waters do uniforme de estilo nazista num show da capital alemã. Uma apresentação em Frankfurt chegou a ser cancelada por esse motivo, mas o músico conseguiu na Justiça o direito de realizá-la — não se sabe ainda se ele tentará, do mesmo modo, recorrer ao Judiciário brasileiro para fazer o show do jeito que planejou.

    O artista se defende afirmando que o figurino mostra sua oposição ao fascismo e à intolerância. Em um comunicado, Waters afirmou que o show em Berlim despertou “ataques de má-fé” de pessoas que querem caluniá-lo por discordarem de suas posições políticas e de seus princípios morais. Destacou que os elementos questionados na performance são “uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas”.

    A comunidade judaica, no entanto, não está convencida do argumento. Segundo Bergher, Waters “há mais de décadas pratica condutas e faz declarações nitidamente antissemitas”. (O Globo)

    Nota do ministro Flávio Dino.

    Ainda não recebi petição sobre apologia a nazismo que aconteceria em show musical. Quando receber, irei analisar, com calma e prudência, a partir de duas premissas fundamentais: 1. Consoante a nossa Constituição, é regra geral que autoridade administrativa não pode fazer censura PRÉVIA, sendo possível ao Poder Judiciário intervir em caso de AMEAÇA de lesão a direitos de pessoas ou comunidades; 2. No Brasil, é crime, sujeito inclusive à prisão em flagrante: § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. (Lei 7716) Essas normas valem para TODOS que aqui residam ou para cá venham. Friso o que está na norma penal: “para fins de divulgação do nazismo”, o que OBVIAMENTE exige análise caso a caso. Aproveito a “polêmica” sobre suposta “censura” a show, para frisar o meu modesto entendimento: o momento político brasileiro exige PONDERAÇÃO, EQUILÍBRIO e CAPACIDADE DE OUVIR A TODOS. Sou ministro da Justiça do BRASIL e não me cabe concordar ou discordar de pedidos sem sequer ler os argumentos dos interessados. Posturas “canceladoras”, supostamente “radicais” e “revolucionárias”, no atual contexto, só servem para fortalecer a EXTREMA-DIREITA e propiciar o seu retorno ao poder.

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