Os maranhenses elegeram Flávio Dino, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), para o Senado. O ex-governador do Maranhão, que deixou o cargo para concorrer a uma vaga no Congresso Nacional, recebeu 2.125.811 votos, o que corresponde ao percentual de 62,41%.
Em entrevista ao Bom Dia Mirante, Flávio Dino agradeceu aos eleitores pela sua vitória e de Carlos Brandão, que foi reeleito governador do Maranhão.
“Começo, obviamente, agradecendo a todos eleitores e eleitoras do Maranhão pela confiança, pelo voto, pelo apoio, pela solidariedade tanto a mim quanto ao nosso companheiro Carlos Brandão”, disse Dino.
Primeiros passos
Questionado sobre os seus primeiros passos no Senado Federal, Flávio Dino disse que irá destinar investimentos públicos para o estado, ajudar o governador Carlos Brandão e atrair investimentos privados para o Maranhão. Ele afirmou, ainda, que será o ‘embaixador do povo do Maranhão na política brasileira’.
“Nós estamos agora muito engajados na eleição presidencial, temos o segundo turno. Já fizemos uma caminhada em apoio ao presidente Lula porque considero que esse é um componente fundamental para a compreensão de como vai se dar o jogo no legislativo, uma vez que as maiorias parlamentares no Brasil dependem muito da configuração dos demais poderes. De todo modo, qualquer que seja o cenário que a soberania popular venha a definir, as linhas de trabalho já estão estabelecidas. Em primeiro lugar o Maranhão, ajudar o nosso estado e o governador Brandão, destinar investimentos públicos com as emendas parlamentares, projetos e programas, ajudar na divulgação positiva do Maranhão, no aspecto econômico, social, do turismo e atração de investimentos privados. Ser, portanto, o embaixador do povo do Maranhão na política brasileira. E, de outro lado, participar da atividade legislativa”, disse.
Relação com a bancada bolsonarista
O PL, partido do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, terá a maior bancada no Senado Federal. A sigla elegeu oito senadores e, com isso, ocupará 15 das 81 cadeiras do Senado na próxima legislatura, que começa em 2023.
Questionado sobre como será a sua relação com os senadores bolsonaristas, Dino afirmou que pretende manter um bom diálogo com os parlamentares, pois, segundo ele, o congresso é uma casa plural, onde se deve conviver com pensamentos diferentes.
“Eu já estive no congresso e sei que é uma casa plural, você tem que conviver com pensamentos diferentes. Vários dos eleitos na provável bancada bolsonarista eu tenho boa relação pessoal, cito o exemplo do Marcos Pontes, que foi ministro de Ciência e Tecnologia, eleito por São Paulo. É claro que eu queria que fosse eleito o Márcio França, mas sempre tive uma boa relação com ele [Marcos Pontes], um bom diálogo, creio que nos temas de ciência e tecnologia nós podemos trabalhar juntos. Temos o general Mourão, vice-presidente que foi eleito pelo Rio Grande do Sul. Tenho um bom diálogo com ele, que preside o Conselho da Amazônia, e eu integrei o esse conselho. Não haverá barreiras ao diálogo visando a formação de maiorias parlamentares. Evidentemente, como democrata, eu acho muito importante que o presidente Lula vença, uma vez que nós temos que evitar a concentração de poderes na mão dele [Bolsonaro]. Os aliados dele já estão falando em ‘emparedar’ o Poder Judiciário e o Supremo, fazer impeachment de ministros do supremo, ou seja, uma ditadura. Então a eventual vitória do Bolsonaro, que Deus nos livre e São Francisco de Assis há de evitar, levaria a uma concentração de poderes na figura presidencial”, explicou.
Relação com o governo Brandão
Durante a entrevista, Flávio Dino disse que manterá o diálogo com o governador Carlos Brandão. Dino ressaltou que o governador reeleito do Maranhão irá ouvir não somente a ele, mas também aos demais líderes do grupo.
“Uma relação sempre de muito diálogo. É claro que a liderança da política estadual pertence a ele, e eu compreendo muito bem o papel de cada um em cada momento. Ele já teve, desde abril, a possibilidade de formar a sua equipe, e o fez, segundo os seus próprios critérios. Claro que ele continuará consultando os partidos, uma vez que tanto na Assembleia quanto na Câmara nós temos líderes muito importantes do nosso grupo que foram eleitos. Eu tenho certeza que o governador Brandão, com a sua experiência, vai ouvir não só a mim, porque eu não tenho nenhum papel de primazia nisto, mas também aos demais líderes do grupo”, explicou.
Polarização na disputa presidencial
O resultado da eleição para presidente da República de domingo (2), divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), confirmou a polarização da campanha. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) vão definir a disputa no segundo turno.
Questionado sobre essa atual divisão do país, Flávio Dino disse que, por muito tempo, as regiões norte e nordeste foram “esquecidas”, e, somente quando o Lula foi presidente, foram valorizadas com a implementação de diversas políticas sociais.
“O Brasil é um país muito desigual socialmente e regionalmente. Quando as urnas se manifestam, essa desigualdade aparece. Nós tivemos duas divisões muito nítidas, em primeiro lugar regional. No mapa do Brasil você vê que norte e nordeste muito fortemente estão apoiando o presidente Lula. Mas por que isto? Porque são regiões que ao longo de décadas foram esquecidas e, quando Lula foi presidente, foram valorizadas com políticas sociais, como o Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Prouni e Fies. Isso também diz respeito às desigualdades sociais, quando você vê que os segmentos mais empobrecidos votaram muito fortemente no Lula porque sabem que a inflação de alimentos puniu as famílias, sabem que o preço dos combustíveis subiu e que, portanto, oportunidades se fecharam. O povo tem sabedoria e eu fico muito indignado quando vejo análises aristocráticas, elitistas e preconceituosas que não estão só na internet”, disse.
Orçamento Secreto
Flávio Dino, durante a sua campanha, criticou o chamado “Orçamento Secreto”. Questionado sobre como irá lidar com o tema no Senado Federal, Dino afirmou que irá propor um projeto de lei para tirar da Lei de Diretrizes Orçamentárias e vedar qualquer emenda de relator que possa significar a prática de orçamento secreto.
“Eu creio que quando eu chegar no senado no dia 1° de fevereiro de 2023 esse tema já estará resolvido, uma vez que teremos, no meio do caminho, uma decisão do Supremo. Acho que há hoje uma visão muito nítida juridicamente que o orçamento secreto é ruim para o país, e distorceu inclusive a eleição em larga medida no país inteiro. E ela é incompatível com a Constituição. Caso até 1° de fevereiro isso não esteja resolvido, no primeiro dia irei propor projeto de lei para tirar da Lei de Diretrizes Orçamentárias e vedar qualquer emenda de relator que possa significar a prática de orçamento secreto”, explicou.
Ministério no governo Lula
Durante uma visita ao Maranhão, o ex-presidente Lula sinalizou que, se eleito, irá dar um ministério para Flávio Dino. Questionado sobre o possível convite, Dino disse que esse assunto é “um debate para novembro ou dezembro” e que, agora, “o importante é conduzir o presidente Lula para a grande vitória”.
“Se a vitória do presidente Lula for confirmada e se, eventualmente, eles fizerem o convite, o critério é: posso ajudar o Maranhão ou não?. Esse é o ponto. Fiz questão de publicizar durante toda a campanha a partir dessas falas do presidente Lula. Mas eu governo a minha vida seguindo critérios bem práticos, acho que isso é um debate para novembro ou dezembro. O importante agora é conduzir o presidente Lula para a grande vitória”, ressaltou. (Do G1 MA)