
O placar unânime que marcou a aprovação do projeto que prevê isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, foi precedido de uma longa negociação. Ministros do governo e integrantes da equipe econômica se reuniram com deputados até o último minuto para garantir que a proposta sairia sem alterações do plenário.
A votação foi acompanhada de perto por integrantes do governo, como secretário nacional da Receita, Robinson Barreirinhas, e pelo secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o ministro dos Esportes, André Fufuca, também estiveram presentes. Mesmo com prazo para deixar o cargo, após ultimato de seu partido, e articulou o apoio dentro da bancada do PP e também dialogou com o União Brasil.
Pressionado por seu partido para deixar o Ministério do Esporte, André Fufuca atendeu a pedido do presidente Lula e se reuniu com a bancada do PP pedindo apoio dos correligionários à reforma do imposto de renda, medida prioritária da gestão petista, horas antes de a matéria ser aprovada por unanimidade.
O ministro despistou ao ser questionado se deixaria o primeiro escalão do governo nos próximos dias e disse estar muito ocupado trabalhando. A aliados, Fufuca tem afirmado que ainda não teve tempo de pensar sobre o pedido da cúpula do PP para que deixe o cargo na Esplanada. Nos bastidores, ele tenta ganhar tempo para convencer o presidente nacional do PP Ciro Nogueira e outros dirigentes de que é estratégico permanecer na função. Ciro já disse que Fufuca precisa definir até a próxima semana se continuará no governo do presidente Lula ou se acatará determinação do partido. “Fufuca terá que fazer uma escolha definitiva entre permanecer como integrante do partido ou manter sua posição no governo até a próxima semana”, declarou em entrevista à CNN. O senador ressaltou que não cogita expulsar o ministro da legenda, mas que, caso opte por seguir no Executivo, Fufuca perderá o controle do PP no Maranhão. “Eu duvido que ele prefira perder o comando do partido dele do que ficar no governo”, disse. Mesmo que abandone o cargo na Esplanada, como determinou o PP, Fufuca ainda espera contar com o apoio de Lula para concorrer ao Senado no ano que vem.
Ao final, o medo das ruas foi o que mais pesou para o placar avassalador, de 493 votos a favor e nenhum contra do IR Zero. Dezoito deputados não compareceram, entre os quais dois maranhenses: Detinha(PL) e Fábio Macedo(Podemos).