O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aprovado por 47% da população brasileira e desaprovado por 50%, enquanto 3% não sabem ou não responderam. É o que mostra nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira — é o primeiro levantamento após a operação policial que terminou com 121 mortos e causou atrito entre o Planalto e o governo do Rio de Janeiro. O cenário é de estabilidade com relação à rodada anterior, de outubro, quando a avaliação marcou 48% e 49%, respectivamente.
A Quaest avalia que o “freio” na melhora da avaliação do governo, verificada desde julho, está relacionado à operação policial do dia 28 de outubro, que se refletiu no crescimento da violência como maior preocupação do brasileiro. Em um mês, o temor com essa área passou de 30% para 38%, enquanto a economia permanece em um distante segundo lugar, com 15%.
Na esfera da segurança pública, a atuação do governo Lula é vista como regular por 36% (eram 32% em março), negativa por 34% (eram 38%) e positiva por 26% (eram 25%).
A Quaest mostra que a operação é aprovada por 67% dos brasileiros, valor ligeiramente acima dos 64% apurados pela pesquisa realizada apenas com moradores do Rio de Janeiro logo após a ação policial. Também 67% dos entrevistados entendem que não houve exagero na força empregada pelos agentes, contra 29% que pensam o contrário.
Os dados apontam que a maior variação na desaprovação do governo Lula ocorreu entre os eleitores que se definem como independentes, passando de 48% para 52%, enquanto a aprovação foi de 46% para 43% em um mês.
Entre católicos, a aprovação passou de 54% para 50% em um mês, enquanto a desaprovação variou de 44% para 47%.
Uma variação inversa ocorreu entre evangélicos. A desaprovação foi de 63% em outubro para 58%. Já a aprovação passou de 34% para 38% no período.
Os dados sobre economia mostram que a avaliação do desempenho brasileiro na área permaneceu estável em relação ao mês anterior. Sobre o preço dos alimentos, 58% dizem que subiu (eram 63%). Já no campo do emprego, 50% consideram mais difícil conquistar um cargo e 39%, mais fácil (eram 49% e 42%, respectivamente).
Assim como nas rodadas anteriores, a expectativa majoritária para os próximos 12 meses é de melhora econômica. No entanto, 58% dos entrevistados entendem que o Brasil está indo na direção errada, este índice era de 50% em janeiro deste ano.
Crime organizado
A pesquisa mostra que quatro a cada cinco brasileiros (81%) discordam da declaração de Lula na qual o petista afirmou que traficantes de drogas “são vítimas de usuários também”. Entre lulistas, 66% pensam diferente do presidente. Na esquerda não-lulista são 78% e entre independentes, 81%.
Para 51% dos brasileiros, a fala reflete uma opinião sincera de Lula. Já 39% pensam que a declaração foi um mal-entendido.
A Quaest também questionou os entrevistados sobre a declaração de Lula que classificou a operação no Rio como “desastrosa”. Mais da metade da população discorda de Lula (57%), contra 38% que concordam com o presidente.
Para 73% dos brasileiros, as organizações criminosas deveriam ser consideradas terroristas. A Quaest aponta que medidas duras de combate às facções têm alto índice de aprovação. Quase nove a cada dez brasileiros (88%) são a favor do aumento da pena para homicídios cometidos a mando de organizações criminosas. Já 65% apoiam a retirada do direito de visita íntima a membros de facções nas prisões. A PEC da Segurança, encabeçada pelo governo Lula, é apoiada por 60%.
Questionados sobre a possibilidade de transferência da responsabilidade da segurança pública ao governo federal, 52% afirmaram aprovar a mudança, enquanto 46% defendem que cada estado tenha legislação própria sobre o tema. A facilitação da compra e acesso a armas de fogo, por sua vez, é reprovado por 70% da população.
A pesquisa também perguntou qual a principal medida a ser tomada pelo governo federal para reduzir a violência.
Quase metade dos brasileiros (46%) respondeu ações que incluem leis mais rígidas, penas maiores e a Justiça não soltar criminosos. Esse pacote de providências é apoiado por 39% dos lulistas, por 31% dos que afirmam ser de esquerda porém não se identificam como lulistas, por 41% dos independentes, por 53% dos de direita não bolsonarista e por 58% dos bolsonaristas.
Em segundo lugar estão ações que fomentam a área da educação, oportunidades e medidas sociais, apontadas por 27% dos entrevistados. A aprovação desse pacote é mais acentuada entre lulistas (29%). Mais policiamento (11%) e ações duras contra facções (9%) também foram citadas pelos brasileiros.
Governadores de direita dividem opiniões
A Quaest também avaliou a opinião popular sobre a união de governadores de direita, em um chamado “consórcio da paz”, após a operação no Rio. Enquanto 47% acreditam que se trata apenas de mais uma ação política, 46% entendem que pode ajudar a reduzir a violência nos estados.
Entre os membros da iniciativa, Cláudio Castro (RJ) foi apontado por 24% como o governador que se saiu melhor até o momento. Em seguida, aparecem Tarcísio de Freitas (SP), com 11%, Romeu Zema (MG), com 5%, Jorginho Mello (SC), com 3%. Celina Brandão (DF) e Eduardo Riedel (MS) têm 2% cada. Nenhum deles foi a resposta de 9%. Já 31% não souberam ou não responderam.
Lula e Trump
A pesquisa mostra que o encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi de amplo conhecimento dos brasileiros. Para 45%, o petista saiu mais forte após o contato com o americano, contra 30% que o veem como mais fraco. Em resposta espontânea, 10% avaliaram que Lula saiu igual da agenda, e 15% não sabem ou não responderam.
Metade da população brasileira (51%) acredita que os presidentes vão chegar a um acordo para reduzir as tarifas. Por outro lado, 39% entendem que isso não vai acontecer.
A pesquisa foi realizada entre os dias 6 e 9 de novembro. Foram 2.004 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais


