O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), disse nesta quinta-feira (31) que as críticas feitas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cristiano Zanin são injustas.
Indicado pelo presidente Lula (PT), Zanin vem sendo criticado por juristas e políticos por suas posições tidas como conservadoras.
“Há uma incompreensão política nas análises. O nosso governo liderado pelo presidente Lula não é de esquerda, é um governo que expressa maioria democrática. Cristiano Zanin se insere nesse conceito de maioria democrática? Sim, claro. Significa dizer que em dezenas de votos, quem sabe centenas, não haverá um afinamento no que ele vota e as teses da esquerda. É muito cedo para julgar, é muito cedo para avaliar em um mês o desempenho de um ministro do Supremo”, disse em entrevista à GloboNews.
Segundo o ministro da Justiça, Zanin “nem sempre vai votar de acordo com uma consulta de Facebook”.
“Então, tem aspectos que ele votou com o qual eu não concordo e há outras que as críticas são até injustas, por exemplo, das guardas municipais, ele disse o que está na lei”, acrescentou.
Uma resolução do diretório nacional do PT divulgada nesta quarta-feira (30) mandou um recado velado para o novo ministro do STF.
Um trecho do texto, proposto pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, faz referência elogiosa a uma série de decisões recentes tomadas pela corte, mas que tiveram oposição do ex-advogado de Lula.
“No momento em que o Supremo Tribunal Federal deve retomar o julgamento do marco temporal, manifestamos a expectativa de que a Suprema Corte reafirme os direitos dos povos indígenas, como ocorreu em decisões anteriores. Esta expectativa de uma atuação em defesa da civilização é reforçada por recentes decisões e avanços do STF neste sentido”, diz a resolução.
Após a entrevista de Dino, nesta quinta-feira, o ministro Zanin votou de maneira contrária ao marco temporal para demarcação de terras indígenas, se alinhando, desta vez, com posicionamento comum aos apoiadores de Lula.
Também na entrevista, Dino também falou sobre a possibilidade de ser o próximo ministro do Supremo indicado pelo presidente Lula.
“Ser lembrado é uma honra, mas eu sempre soube que não existe candidatura e campanha para ser ministro do Supremo. Então, eu não sou candidato, estou focado na minha missão e não faço campanha. Se o presidente da República um dia propuser o debate, eu vou pensar. Até hoje nunca tocou no assunto comigo”, disse. (Folha de SP)