• O Globo: Histórico mostra tendência de reeleição de governadores; Brandão tem o desafio de manter

    As estatísticas sobre os resultados das últimas seis eleições dão algumas pistas sobre o impacto eleitoral da máquina pública no sucesso nas urnas. Levantamento feito pelo GLOBO aponta que, quando se trata dos governadores, as chances de se reeleger são, em média, maiores que as de não continuar no cargo. Desde 1998, quando a reeleição passou a ser permitida, seis em cada dez governadores que tentaram ser reconduzidos tiveram êxito. No pleito deste ano, 20 dos 27 chefes de Executivos estaduais disputarão a reeleição. Por outro lado, o histórico mostra que os governadores têm dificuldade de emplacar seus sucessores.

    Nas últimas seis eleições, mais da metade dos 162 candidatos eleitos para o Executivo estadual já estava no posto ou era nome da situação, apoiado pelo governador à época. Em números absolutos, foram 70 governadores reeleitos nos últimos seis pleitos, em 26 dos 27 estados. Outros 21 candidatos eleitos eram sucessores políticos de mandatários.

    Nas últimas eleições no Maranhão, Roseana Sarney foi reeleita em 1998. Roseana foi três vezes governadora: em 1994, 1998 e 2010. A filha do ex-senador José Sarney concorreu também nas eleições de 2006 e foi derrotada por Jackson Lago, já falecido. Ela acabou tomando posse em 2009 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que cassou o mandato de Lago.

    Roseana elegeu o sucessor em 2002, José Reinaldo Tavares, mas ela e o grupo Sarney não conseguiram eleger Lobão Filho em 2014, derrotado por Flávio Dino que foi eleito neste ano e reeleito em 2018.

    Agora, Flávio Dino tenta eleger o sucessor, Carlos Brandão.

    Para Bruno Carazza, autor do livro “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” e professor da Fundação Dom Cabral, a tendência é de alta taxa de reeleição no pleito deste ano.

    — Nos últimos anos, houve reforço a quem já ocupa cargos. Políticos experientes foram valorizados nas eleições de 2020. Temos um fundo eleitoral ampliado, e os governadores tiveram reforço de caixa por causa da pandemia e da inflação. A pandemia fez o governo federal transferir mais recursos aos estados e houve flexibilização de regras fiscais, o que permitiu criar auxílios e benefícios próprios. Como o sentimento antipolítica parece ter refluído, acredito que na maior parte dos estados os governadores largam à frente nas eleições —analisa.

    Maranhão, Mato Grosso do Sul e Acre, por sua vez, são os únicos estados em que todos os governadores que tentaram permanecer no posto foram bem-sucedidos nas urnas.

    Ativos eleitorais

    Bruno Carazza avalia que a alta taxa de reeleição de governadores no país é um indício de que o cargo conta para a disputa:

    — O uso do cargo facilita a reeleição. Há maior exposição na mídia, possibilidade de destinação de orçamento, de conceder reajuste a categorias e de viajar o estado todo, principalmente no período pré-eleitoral, financiado pelas contas públicas. Além disso, o fato de estar no poder facilita o arco de alianças. Destaco também que essa taxa cai em anos de mudança nos ventos da política nacional, o que mostra que ela também impacta.

    Carazza se refere aos anos de 2002 e 2018, em que houve mudança no comando do governo federal com Lula e Bolsonaro. No caso do atual presidente, a eleição sacramentou a explosão de uma onda antipolítica nas urnas. A proporção de governadores reeleitos nesses dois momentos ficou distante do observado nas demais eleições: apenas 53% e 50% dos que disputaram o pleito, respectivamente, conseguiram mais quatro anos de governo. Em 2006, esse índice chegou a 70%.

    O levantamento do GLOBO revela que o PSDB e o MDB são os partidos que mais tiveram governadores reeleitos, com 18 cada. No caso do PSDB, o pico ocorreu em 1998, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso venceu a disputa pelo Planalto no primeiro turno. Naquele ano, apenas um tucano não se reelegeu, Eduardo Azeredo em Minas. A sigla também conseguiu quatro governadores reeleitos em 2014, eleição em que Aécio Neves (PSDB) foi derrotado na corrida presidencial com margem pequena de votos. Com informações são do jornal O Globo.

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