Sei que ficaria chic se ao invés de jogo acabado eu titulasse esta crônica de GAME OVER.
Até pensei fazer assim. A fogueira das vaidades queima em todos nós. Mas lembrei de algum leitor pensar ser eu versado na língua de Shakespeare e me ver bebericando num pub londrino matando a aula do pós-graduação em Oxford. E me assustei imaginando o Tâmisa despoluído e os meus olhos, já cansados de ver o Mossoró transformado num esgoto a céu aberto, olhando aquele rio de águas límpidas que há pouco tempo estava totalmente sem oxigênio até para manter uma piaba viva.
Rio do meu devaneio. Eu saindo de um pub e passeando à beira do Tâmisa. Logo eu que, na juventude, ao invés de frequentar colégios famosos, enfrentava a dureza da vida na luta pela sobrevivência.
E foi nessa luta, luta onde a palavra complacência inexiste, que minha sensibilidade cresceu aguçando a minha capacidade de observar as coisas e as pessoas.
Vamos então ao FIM DE JOGO que a paciência do leitor é curta e cabotinismo cansa até Sisifo.
Fim de jogo onde os peões, bispos, rainhas e reis são colocados, todos juntos e misturados na mesma caixa.
Infelizmente a estupidez humana impede a maioria das pessoas perceber esta verdade.
Na busca por ascensão social e/ou econômica, cometem toda sorte de desatinos, se afastando dos verdadeiros valores. Transformam suas vidas numa subida em um pau de sebo junino, onde tudo é válido para se alcançar o topo.
Já tarde, muito tarde, percebem que correram em busca do nada e ficam se perguntando como foram capazes de descerem tanto, chegar ao último degrau da degradação humana, prática de CORRUPÇÃO, para alcançar o vazio contido na efemeridade da vida calcada no imediatismo de um pragmatismo doentio.
Quando se dão conta de que as futilidades são como as espumas de uma onda e o esquecimento se fará presente, finalmente conseguem enxergar a caixa onde reis, rainhas, bispos e peões se acomodam. Caixa onde ao lado daqueles a quem sequer olhavam, mergulbarão na negritude de uma noite longa e fria.
Somente quando já tarde demais, descobrem a grande verdade da vida, ficam sabendo que apenas os lembrados por suas ações escaparão deste triste fim.
Escaparão porque nunca serão esquecidos.
Os lembrados vivem para sempre.
Volto meu olhar para a caixinha onde peões, bispos, rainhas e reis aguardam ser lembrados.
Por Inácio Augusto de Almeida