Juscelino Filho contratou assessor parlamentar para fazenda do tio, revela o Estadão

Waldenôr Alves Catarino disse ao Estadão nunca ter trabalhado na assessoria do então deputado, hoje ministro das Comunicações da gestão Lula

O ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho (foto), contratou como “assessor parlamentar” —com dinheiro público— um motorista que trabalhou em fazendas da sua família no interior do Maranhão, informa o Estadão.

Waldenôr Alves Catarino, de 57 anos, disse ter passado quase uma década realizando serviços braçais na fazenda de Roberth Bringel, tio de Juscelino, enquanto era pago pela Câmara, na época em que o ministro era deputado.

“Era assim, ó: eu era lotado aí na Câmara Federal e trabalhava aqui para o tio dele na fazenda. Eu fazia tudo, trabalhava num caminhão. Levava óleo para trator, instalando estaca na fazenda, fazia tudo”, disse o motorista.

A contratação irregular começou em outubro de 2015 e terminou em maio de 2022, quase um ano antes de Juscelino virar ministro, porque Waldenôr quis mudar de emprego.  “O serviço era muito puxado. Eu tinha que levantar todos os dias 5h da manhã, não tinha horário para parar.”

Nos sete anos que esteve nomeado na Câmara, afirma Waldênor, uma das únicas vezes que fez algo para Juscelino Filho foi buscá-lo certa vez no aeroporto. O homem sequer se comunicava com o deputado, que, no papel, era seu chefe. “Se eu for dizer as vezes que eu falei com Juscelino foi pouco”, revela.

O salário mensal do motorista era de R$ 2,3 mil, o que perfaz R$ 171,4 mil pagos a ele no período em que Waldenôr (não) trabalhou na Câmara. E quem pagou pelo funcionário da fazenda do tio de Juscelino foi você, leitor.

O caso de Waldênor se junta a outros revelados pelo Estadão que indicam desvio de verba pública por Juscelino, hoje comandando uma pasta federal com orçamento de mais de R$ 3 bilhões. Na última semana, o jornal mostrou que o piloto da aeronave e o gerente do haras de Juscelino são pagos até hoje com verba da Câmara. Eles estão lotados no gabinete do suplente do ministro, mas dão expediente mesmo nas propriedades de Juscelino.

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