O líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), vai propor que o PT proíba alianças com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições deste ano para as prefeituras e câmaras municipais. Um dos vice-presidentes do PT, Guimarães também quer que partidos da base de sustentação do governo firmem um “pacto de não-agressão” na campanha, embora admita que a tarefa seja difícil.
“Eu vou defender que o PT não faça aliança com o PL de Bolsonaro”, disse Guimarães ao Estadão, horas depois de uma reunião da Executiva Nacional petista, nesta segunda-feira, 26. “Não podemos fazer aliança com quem atenta contra a democracia e o estado democrático de direito”, completou o deputado, numa referência às investigações da Polícia Federal que indicam a participação do ex-presidente na tentativa de golpe, em 8 de janeiro de 2023.
Para o deputado, os governadores e prefeitos que compareceram ao ato convocado por Bolsonaro no domingo, 25, na Avenida Paulista, são “cúmplices do golpe”. A lista inclui o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Jorginho Mello (Santa Catarina).
Resolução aprovada em agosto permite casamento
Em 28 de agosto, a cúpula petista aprovou uma resolução sobre política de alianças que, mesmo sem citar a sigla PL, permite coligações com candidatos do partido a prefeituras, desde que apoiem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha pela reeleição, em 2026.
Guimarães argumenta, porém, que é necessário deixar a ordem mais explícita na próxima reunião do Diretório Nacional, em 26 de março. “O PT precisa ter uma diretriz sobre isso. Até agora, não autorizou nem proibiu (a aliança)”, afirmou ele.
Embora o PT de Lula e o PL de Bolsonaro protagonizem um duelo nacional, há negociações paroquiais entre os dois partidos em cidades do Rio, Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí, entre outros Estados. Ainda que não oficiais, muitos desses acertos para as eleições são fechados nos bastidores.
Candidato à Prefeitura de Maricá, o deputado Washington Quaquá (PT-RJ) diz, por exemplo, que os acordos de agora servirão como alicerce para sustentar o palanque da candidatura de Lula a novo mandato, daqui a dois anos.
Quaquá defende a formação de uma aliança em 2026 que reúna o PT e o PL. Seria um acordo no qual Lula concorreria a novo mandato, o governador Cláudio Castro (PL) disputaria o Senado e o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) – com chances de ser reeleito neste ano – tentaria o governo fluminense.
O secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, também não vê problema para composições com o PL. “Se o governo tem até ministros que votaram em Bolsonaro, como vamos proibir?”, perguntou o deputado. Tatto foi uma das vozes contrárias ao aval do PT à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, mas acabou vencido.
Guimarães acha, porém, que o compromisso de apoio a Lula em 2026 deve ficar mais nítido a partir de agora. Além disso, o líder do governo pretende marcar conversas com dirigentes de siglas aliadas – do Centrão ao PDT – para discutir a relação em cidades com mais de 100 mil eleitores.
“Todos os partidos que dão sustentação política ao governo Lula deveriam estar juntos na eleição de outubro”, avaliou ele. (Estadão)