O Palácio do Planalto ainda não engoliu o fato de três suplentes de ministros que exercem mandatos de deputado federal na Câmara terem votado a favor da urgência do projeto da anistia, na última quarta-feira (17).
Como mostrou a Folha, foram favoráveis à matéria Allan Garcês (PP-MA), que substitui André Fufuca (Esporte); Pastor Cláudio Mariano (União Brasil-PA), na vaga de Celso Sabino (Turismo); e Ossesio Silva (Republicanos-PE), suplente de Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
Para o núcleo do governo, houve omissão dos ministros ao tentar convencer seus respectivos suplentes da importância de ser contra o texto. A rejeição à anistia para golpistas condenados é um ponto de honra para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não escondeu a irritação com o fato.
Do trio de ministros, dois devem deixar o governo em breve, pressionados por seus partidos: Sabino já avisou que sairá na quarta-feira (24), enquanto Fufuca tem até o final do mês para entregar o cargo. Já Costa Filho tende a ficar até o prazo de desincompatibilização, em abril do ano que vem.
Na interpretação do Planalto, essa situação pode ter levado os ministros a fazerem “corpo mole”.
Um interlocutor afirma que, curiosamente, o ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho, também do União Brasil, empenhou-se bem mais em ajudar o governo na votação do que os atuais ministros. Ele deixou o cargo em abril após ter sido denunciado pela Procuradoria Geral da República.
