O presidente Lula começou a titubear, em conversas reservadas com auxiliares e aliados, sobre a possibilidade de tentar reeleição ao Palácio do Planalto em 2026.
A sinalização mais recente de que pode não tentar reeleição foi dada pelo petista na reunião ministerial comandada por ele na segunda-feira (20/1), na Granja do Torto, em Brasília.
Na parte da reunião que não foi transmitida, Lula afirmou aos ministros que a reeleição dependerá de sua saúde. “Deus no comando”, teria dito o petista, segundo relatos de auxiliares.
O presidente, de acordo com ministros, lembrou do recente problema técnico que atingiu seu avião no México e das cirurgias de emergência na cabeça após levar uma queda.
Lula teria citado os dois exemplos para afirmar que incidentes como esses impedem qualquer pessoa de cravar o que vai fazer em 2026, ano de eleições gerais em todo o Brasil.
Antes mesmo do discurso fechado, Lula já tinha afirmado abertamente, no início da reunião, que deseja eleger em 2026 “um governo” para continuar o processo democrático.
“Precisamos deixar, em alto e bom som, que nós queremos eleger um governo para continuar o processo democrático neste país. Nós não queremos entregar este país de volta ao neofascismo, ao neonazismo e ao autoritarismo, disse o petista.
Oposição vê estratégia de Lula para aliviar pressão
As sinalizações de Lula foram vistas com ceticismo pela oposição. Na avaliação de oposicionistas, o petista estaria levantando dúvidas sobre a reeleição para tentar aliviar a pressão sobre seu governo.
A gestão do petista foi abatida, nas últimas semanas, por forte crise de comunicação, motivada, sobretudo, pela portaria da Receita Federal sobre fiscalização das operações de Pix.
Na avaliação de bolsonaristas, Lula é candidato à reeleição. Esse cenário só mudaria em caso de um problema grave de saúde do petista, na visão de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Mais rua, menos palácio”
No discurso de encerramento da reunião ministerial, Lula também cobrou que seus auxiliares priorizem mais atividades de rua pelo Brasil em vez de agendas em Brasília. “Mais rua e menos palácio”, disse.
Lula se reuniu com seus ministros por mais de oito horas na Granja do Torto, casa de campo da Presidência da República, para fazer um balanço do ano de 2024 e definir prioridades de 2025. (Metrópoles)