• Lulu Santos reforça apelo de Flávio Dino: “deu a letra”

    O músico Lulu Santos usou as redes sociais na tarde desta quinta-feira (23) para fazer coro ao artigo publicado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em favor de uma união das esquerdas contra “apartheid” de Jair Bolsonaro.

    “Flávio Dino deu a letra”, escreveu Lulu ao comentar sobre o recado do governador.

    No texto publicado no O Globo nesta quinta, Dino afirma que “sem renunciar a identidades históricas, precisamos unir e ampliar forças para proteger a nossa Nação, a democracia, os direitos sociais, a cultura e o meio ambiente”.

    “Nenhuma diferença entre nós é mais importante do que defender o Brasil do apartheid representado pelo projeto bolsonarista. É tempo de caminhar com Mandela”, diz o governador, que surge como um dos mais fortes pré-candidatos progressistas às eleições presidenciais de 2022. Da Revista Fórum

    Artigo publicado originalmente no jornal O Globo: https://oglobo.globo.com/opiniao/caminhar-com-mandela-24545349
     

    Caminhar com Mandela

    Sem renunciar a identidades históricas, precisamos unir e ampliar forças para proteger a nossa Nação, a democracia, os direitos sociais, a cultura e o meio ambiente

    Flávio Dino

    Quando Nelson Mandela ficou livre de arbitrária prisão na África do Sul, ele priorizou uma tarefa: liquidar o apartheid. Para isso, como ele escreveu na sua autobiografia, o seu partido CNA deveria ser, naquele momento, uma generosa tenda a acolher diversas correntes políticas.

    Nenhuma diferença poderia ser mais importante do que acabar com o apartheid. O pensamento progressista no Brasil precisa refletir sobre o exemplo de Mandela.

    Em 2018, poucos acreditavam que o obscuro e obscurantista Jair Bolsonaro pudesse vencer as eleições. Mas ele venceu, beneficiado por uma imensa crise de legitimidade e de reconhecimento da população com o sistema político.

    Após 18 meses de desvarios, omissões gravíssimas e denúncias diversas, Bolsonaro mantém razoáveis taxas de aprovação popular.

    Recentemente, anova vitória da extrema direita na Polônia lembra-nos de que o ruim ainda pode piorar.

    Segundos mandatos tendem a propiciar um sentimento
    de aprovação e induzir a ousadias ainda maiores por parte de mentes despóticas. No caso brasileiro, o STF e o Congresso têm tido um peso decisivo para conter os arroubos de Bolsonaro. Terão força para resistir em um segundo mandato?

    Se ficarmos presos à configuração política que levou ao desfecho das eleições de 2018, provavelmente ele se repetirá. É hora de olhar para o futuro.

    O momento exige novas estratégias, táticas, ideias. Uma “esquerda conservadora” é uma antinomia e é pouco eficaz. Diante dos desafios, “esperar acontecer” é uma escolha que minimiza os perigos que o extremismo bolsonarista implica.

    O golpe como momento solene, à moda 1964, foi substituído por um golpismo permanente, realizando destruições sucessivas de instituições e de vidas, como as levadas pelo coronavírus.

    No interregno (na acepção gramsciana) que vivemos, valores fundamentais como democracia política, direitos dos trabalhadores e liberdade de expressão estão ameaçados por violências, ameaças e manipulações, como a promovida pelo “gabinete do ódio”.

    Para uma nova estratégia capaz de superar o interregno em uma boa direção, é essencial ampliar a audiência do pensamento progressista, alcançando homens e mulheres não engajados em movimentos ou partidos. Este é o mais importante “centro” a ser alcançado. Ocorre que, para chegar até ele, alianças e modulações programáticas são imprescindíveis. Quem tem clareza dos seus propósitos não teme o diálogo com os diferentes.

    Sem renunciar a identidades históricas, precisamos unir e ampliar forças para proteger a nossa Nação, a democracia, os direitos sociais, a cultura e o meio ambiente.

    Curioso notar que as disputas entre os progressistas giram mais sobre fatos pretéritos do que sobre propostas para o futuro. Portanto, é preciso priorizar mais o futuro dos cidadãos do que o “julgamento” de erros do passado. Necessitamos de uma ampla união progressista que livre o Brasil do bolsonarismo. Lulistas, trabalhistas, socialistas, comunistas, verdes, social-democratas, todos têm um grande papel.

    Não podem, nem devem, deixar de existir. A questão é mais simples: abrir portas e janelas para deixar os ventos da Pátria varrerem mágoas. A forma jurídica que viabiliza a atuação conjunta é uma decisão posterior e inevitável, na medida em que passaram a vigorar regras proibitivas de coligações em eleições proporcionais e instituidoras de cláusulas de desempenho.

    Existem importantes experiências no Uruguai, Chile, em Portugal, na África do Sul sobre federações partidárias ou frentes reunidas em um partido. O debate mais importante, entretanto, não é sobre a forma, é sobre o espírito que deve nos guiar.

    Nenhuma diferença entre nós é mais importante do que defender o Brasil do apartheid representado pelo projeto bolsonarista. É tempo de caminhar com Mandela.

    Flávio Dino é governador do Maranhão, foi juiz federal e deputado federal

    Respostas de 4

    1. A retórica do Governador soa como o canto da sereia, a prática infelizmente é outra, o País que ele se ressente não existir mais conseguiu resistir a 13 anos e meio de Governos desastrosos sob o aspecto fiscal e de eficiência de gestão, sem falar na questões que envolveram malversação do erário.
      O Governador se preocupa com 18 meses de gestão Bolsonaro, mas o que dizer do que foi feito por um Governo de esquerda!!!!
      Mas o talento do Governador com a pena na mão é de se reconhecer.

    2. Texto interessante do Flávio Dino. Me parece que apenas tem algo trocado no penúltimo parágrafo, pois entendo que são os partidos que formam as frentes amplas, e não o contrário.

    3. Lulu Santos escreveu com letras mortas, pois não conhece Flavio Dino!!
      Veja Flavio Dino foi criado na barra da calça de Jose Sarney, pois sembemos que o velho Dino viva na cozinha dos Leões se alimentando das migalhas, diante disso a gêneses coronelista, oligárquica faz parte do seu DNA.

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