O governo do Maranhão comemorou com alarde que o estado registou uma queda de 10,5 pontos percentuais na taxa de pobreza extrema, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), baseado nos dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
“Estamos felizes pelos avanços alcançados, mas reconhecemos os desafios que ainda enfrentamos”, afirmou o governador do Maranhão, Carlos Brandão.
O governador tem razão. Realmente ainda há um grande desafio, pois apesar da redução, o Maranhão ainda registra o maior índice de pobreza do país.
Em 2021, quando quase 33 milhões de pessoas residentes na região Nordeste se enquadravam nos parâmetros de pobreza e pouco mais de 10 milhões estavam na extrema pobreza, o índice de pobreza ultrapassou 60% nos estados de Alagoas (60,5%) e Pernambuco (60,2%), e chegou a 66,2% no Maranhão.
Em 2023 a tabela acima mostra que o estado com a maior proporção de pessoas em situação de pobreza era o Maranhão, com índice de 52,7%, seguido de Pernambuco (48,3%) e Ceará (48,2%). A menor proporção foi estimada para o Rio Grande do Norte, 43,5%. Tem-se, no período entre 2021 e 2023, uma redução de 57,4% para 47,4% no índice de pobreza da região.
No que diz respeito ao índice de extrema pobreza, as estimativas podem ser conferidas na Tabela acima. Um destaque dos dados deste indicador é a redução significativa no índice de extrema pobreza do Nordeste entre 2021 e 2023 de 17,6% para 9,1%. Ainda assim, o Maranhão registra o maior índice com 12,2%.
No Nordeste, as maiores reduções relativas no índice de pobreza, entre 2012 e 2019, foram observadas nos estados do Ceará (-4,8 p.p.), Bahia (-4,8 p.p.) e Rio Grande do Norte (-4,3 p.p.). Alguns estados chegaram a apresentar crescimento absoluto no número de pessoas em situação de pobreza. Este foi o caso dos estados de Pernambuco e Sergipe.
No que se refere ao índice de extrema pobreza, neste mesmo recorte temporal (2012-2019), o Ceará foi o único estado nordestino a apresentar redução estatisticamente relevante no índice de extrema pobreza, embora seja uma redução de apenas 1 ponto percentual. Já, o índice de extrema pobreza para a Bahia ficou estável e todos os outros apresentaram aumentos na proporção de pessoas em situação de extrema pobreza no intervalo entre estes anos.
As linhas de pobreza adotadas nesta análise consideram os parâmetros calculados e recomendados pelo Banco Mundial de US$2,15/dia, para o índice de extrema pobreza, e de US$ 6,85/ dia, para o índice de pobreza. Todos os valores consideram a medida de paridade de poder de compra (2017) e são ajustados a preços médios de 2023 de acordo com Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Programas do governo federal
Os aumentos dos valores pagos no programa Auxílio Brasil e posteriormente do Bolsa Família, a partir de 2022, provavelmente foram responsáveis por retirar quase 18 milhões de pessoas da linha da pobreza.
Essa é a conclusão de uma pesquisa do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). “Após 2021, as mudanças nas políticas de transferência de renda permitiram o esboço de uma tendência acentuada de redução de pobreza e extrema pobreza”, diz o estudo.
Os economistas da FGV também apontam para o avanço de salários no país e a melhora no mercado de trabalho.
De 2021 a 2023, 17,979 milhões de pessoas deixaram essa faixa, uma redução de 22,9%.
Está em “situação de pobreza” quem ganha menos de US$ 6,85 ao dia, conforme a definição do Banco Mundial usada no estudo.
Os pesquisadores concluem ainda que, de 2021 a 2023, 9,672 milhões de pessoas deixaram a linha da extrema pobreza, em que são contabilizados aqueles que recebem menos de US$ 2,15 por dia Foi uma baixa de 50,4%.