Folha de SP – Enquanto na disputa pela prefeitura de São Paulo o PT do presidente Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro apoiam candidatos opostos, em São Luís, no Maranhão, os partidos estão lado a lado nestas eleições.
A união entre as duas siglas, impensável sob o prisma da política nacional, aparece na campanha pela prefeitura de 79 cidades em 16 estados, em coligações que somam de 4 a 14 partidos.
O Maranhão, governado no passado pelo hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino, é o estado em que a união entre PT e PL está mais presente em números absolutos, com 22 cidades.
Em São Luís, a coligação em torno da candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA) à prefeitura soma 12 partidos. O PT tem a vice da chapa, a vereadora Creuzamar Pinho.
Além da capital, os municípios de São José de Ribamar, Bacabal, Santa Luzia, Coroatá e Viana são os mais populosos em que a dobradinha PT e PL aparece.
É também no Maranhão que estão as maiores cidades em que um dos partidos é cabeça de chapa. O PT tem três nomes apoiados pelo PL, uma das candidaturas em Coroatá, com 59 mil habitantes. O PL, por sua vez, tem 10 candidatos apoiados pelo PT, caso da candidatura para a prefeitura de Viana, com pouco mais de 51 mil moradores.
Presidido por Valdemar Costa Neto, o PL proibiu coligações com as federações do PT e do PSOL e com outras da esquerda nas eleições deste ano. O PT, por sua vez, proibiu o apoio a candidaturas bolsonaristas, sem especificar o partido.
Em São Paulo, coligações com a participação do PT e do PL estão presentes em 11 municípios, dentre eles Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Na cidade de mais de 273 mil habitantes, nove partidos se uniram para reeleger o atual mandatário, Aprígio (Podemos).
O PT também faz parte de coligações com o PSDB, em 381 cidades, e com o Novo, em Mariana (MG). No caso do PL, o partido está junto ao PDT em 405 municípios e em 11 aparece coligado ao PSOL, entre eles em Santa Luzia, no Maranhão.
Desde o ano 2000, os partidos só podem fazer coligações nas disputas majoritárias. A Folha analisou dados de candidaturas registradas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até segunda-feira (2).
Eduardo Grin, cientista político e professor da FGV São Paulo, afirma que, desde o governo Dino, o pragmatismo das alianças se sobrepõe a questões de ideologia partidária no Maranhão.
Em relação a outras alianças entre as legendas, ele diz que é normal que em disputas em municípios menores as questões ideológicas tenham peso reduzido. Ao todo, há 15.349 coligações neste pleito. Foram considerados os partidos que estão coligados por fazerem parte de uma federação, caso do PT com PC do B e PV, PSDB com Cidadania e PSOL com Rede
As junções mais comuns entre duas siglas aparecem entre MDB e PSD, MDB e PP e PP e PSD, juntos em mais de 1.200 cidades, o que para Grin ilustra um agrupamento entre legendas do centrão para ampliar o poder na esfera local.
“Numa eleição na qual o dinheiro faz diferença, os partidos buscam se aliar com aqueles que têm probabilidades de vencer”, afirma.
No caso do PT, a parceria mais recorrente é com o MDB, em 854 cidades.
Em relação ao PL, a coligação mais comum é com o PP, presente em 994 municípios. A aliança com o Republicanos é a quinta mais comum, em 813 cidades.
Em São Paulo, estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), os dois partidos estão na mesma coligação em 1.889 cidades, como na campanha pela reeleição de Ricardo Nunes (MDB) na capital e em Campinas e Osasco. Em 66 municípios, o PL tem candidatos apoiados pelo Republicanos, e em 44 um nome da legenda recebe o apoio do PL.
Uma resposta
O new petista Felipe Camarão disse que no Maranhão “bolsonarista não se cria”. Essa não é a verdade. Para vencer as eleições, a qualquer custo, o PT segue firme e forte abraçado ao bolsonarismo e a Bolsonaro. O próprio Camarão fez discurso defendendo a candidatura de Belezinha, uma das maiores bolsonarista, no Maranhão. Na capital, Duarte Júnior caminha lado a lado com o bolsonarismo.