Às vésperas de completar um mês preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passe por uma cirurgia. A defesa de Bolsonaro deverá indicar a data pretendida para o procedimento. Na mesma decisão, Moraes rejeitou outro pedido dos advogados, para que o ex-presidente seja transferido para a prisão domiciliar.
Mais cedo, uma perícia da Polícia Federal (PF) concluiu que Bolsonaro precisa passar por uma cirurgia “o mais breve possível” para tratar de uma hérnia inguinal bilateral. Entretanto, como o a PF afirmou que o procedimento precisa ser feito “em caráter eletivo”, Moraes considerou que não há urgência, e por isso determinou que os advogados sugiram uma data. “Caso haja a opção pela cirurgia por parte do réu, a mesma não será em caráter urgente, mas sim em caráter eletivo, ou seja, agendada, conforme o laudo nº 2924/2025; devendo a Defesa, portanto, apontar a programação pretendida”, argumentou o ministro.
- Pedido para cirurgia
No domingo (14/12), Bolsonaro realizou exames de ultrassonografia que identificaram duas hérnias inguinais.
Os médicos do ex-presidente recomendaram que ele fosse submetido a um procedimento cirúrgico, a única forma de tratamento definitivo para o quadro.
No dia seguinte, a defesa de Jair Bolsonaro pediu autorização a Moraes para a “realização urgente de procedimento cirúrgico”.
O ministro Alexandre de Moraes determinou o envio dos exames e laudos médicos apresentados pela defesa para análise de peritos da Polícia Federal, além de exigir que Bolsonaro passasse por uma perícia, que ocorreu na quarta-feira (17/12).
Na sexta-feira (19/12), Moraes concedeu a autorização para o procedimento, após os laudos da PF constatarem a necessidade da cirurgia em caráter eletivo.
Os peritos concluíram que o ex-presidente ficou com uma lesão em um nervo do tronco decorrente de um procedimento cirúrgico, o que está provocando o soluço frequente. É preciso reparar essa área machucada para interromper as crises de soluço.
A hérnia inguinal ocorre quando uma parte do intestino ou tecido abdominal se projeta por um ponto fraco ou abertura na parede muscular da virilha, formando uma protuberância.
Para Moraes, Bolsonaro tem “mantém plenas condições de tratamento de saúde na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal”, onde cumpre a pena de 27 anos e três meses de prisão que recebeu do STF por uma tentativa de golpe de Estado.
“O réu está custodiado em local de absoluta proximidade com o hospital particular onde realiza atendimentos emergenciais de saúde mais próximo, inclusive, do que o seu endereço residencial- de modo que não há qualquer prejuízo em caso de eventual necessidade de deslocamento de emergência”, escreveu o ministro.
O ministro Alexandre de Moraes analisou o laudo da Polícia Federal que aponta a necessidade de reparo cirúrgico em caráter eletivo e autorizou a realização do procedimento, desde que previamente agendado. Na decisão, o magistrado ressaltou que a intervenção não tem caráter de urgência.
Após a manifestação da defesa, o processo será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá prazo de 24 horas para se manifestar.
Segundo o laudo, embora não se trate de uma emergência, os peritos da PF recomendaram que o procedimento seja feito o mais breve possível, diante da piora do quadro clínico e do risco de complicações caso haja agravamento da condição.
Bolsonaro está preso desde 22 de novembro, após a condenação a 27 anos e 3 meses de prisão no processo relacionado à trama golpista. Ele cumpre pena em regime fechado.
Hérnia inguinal bilateral
A perícia médica do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal concluiu que o ex-presidente apresenta hérnia inguinal bilateral, condição que atinge os dois lados da região da virilha. A hérnia ocorre quando uma parte do intestino ou de outro tecido interno “escapa” por um ponto enfraquecido da musculatura do abdômen, formando um caroço ou inchaço que pode causar dor e desconforto.
Exames realizados em agosto de 2025 não indicavam a presença da doença. Em novembro, médicos identificaram clinicamente uma hérnia em apenas um dos lados. Relatórios posteriores mantiveram o diagnóstico e, em dezembro, exames de imagem confirmaram que a condição passou a afetar ambos os lados da região inguinal.
Segundo os peritos, a piora do quadro pode estar relacionada ao aumento da pressão dentro do abdômen, associado a episódios de soluços persistentes e tosse crônica relatados por Bolsonaro. Também foram registrados desconforto na região da virilha, dificuldades para dormir e problemas na alimentação. Apesar desses sintomas, o laudo destaca que não houve, até o momento, complicações graves.


