Um expressivo grupo da comunidade universitária que escolheu o professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão, Luciano Façanha, para concorrer ao cargo de reitor da UFMA vem chamando a atenção de diversos segmentos da sociedade maranhense. É o Movimento UFMA Democrática, formado por docentes, estudantes e técnicos (as), pessoas que fazem a UFMA de cada dia acontecer.
A consulta que vai compor a lista tríplice para escolha de quem vai gerir a UFMA no próximo quadriênio 2023-2027 será realizada em 18 de julho. O período de campanha iniciado no último dia 4, vai até 17 de julho. Mas o nome de Luciano Façanha tornou-se bastante conhecido durante a pré-campanha e mostra a força do Movimento UFMA Democrática em contraposição ao grupo que está há cerca de 20 anos à frente da UFMA.
Luciano Façanha diz que o Movimento UFMA Democrática representa as aspirações de mudanças na universidade. Egresso da UFMA, ele é graduado em Direito e Filosofia. Foi vencedor do prêmio FAPEMA 2021, na categoria Pesquisador Sênior/Ciências Humanas e Sociais. Com mestrado e doutorado na área de Filosofia, possui um grande legado com o Grupo de Estudos e Pesquisa Interdisciplinar Jean Jacques Rousseau UFMA e, atualmente, é o diretor do Centro de Ciências Humanas (CCH). Seu Programa de gestão está fundamentado em dois eixos: Gestão Administrativa e Gestão Acadêmica.
O que tem de diferente nas propostas do Movimento UFMA Democrática para conquistar a comunidade acadêmica e conduzir o senhor à Reitoria da UFMA?
Luciano Façanha – Primeiramente, o movimento tem representatividade. Ele surge da base, surge daqueles que vivenciam as salas de aula, coordenações, secretarias, departamentos, áreas de vivências, grupos de estudos e de pesquisa e outras áreas da UFMA. O movimento tem legitimidade e desde a sua criação assumiu o compromisso social de ser inclusivo, ignorando práticas verticais, autoritárias, que privam docentes e, sobretudo, discentes e técnicos (as) de consultas, de participação e de direitos. Desde o surgimento, dialogamos com vozes plurais e de diferentes tons, o que administrativamente reverbera num modelo de gestão agregadora, viabilizadora de envolvimento, posto que convoca à participação e à ação transformadora.
Caso seja eleito para a Reitoria da Universidade Federal do Maranhão, em que sua gestão será diferente da atual?
Luciano Façanha – A diferença está presente desde o início do surgimento do Movimento, que nasceu pautado no diálogo, na escuta interessada pela opinião da comunidade acadêmica, e regado por um trato gentil, cuidadoso, educado, respeitoso e agregador. Comungamos dos mesmos ideais para a construção da UFMA que queremos, dentre eles, por exemplo, uma gestão descentralizada a partir da construção de um orçamento pautado nos princípios de autonomia e com compromisso social.
O que isso representa na prática para a comunidade universitária?
Luciano Façanha – Significa que cada campus e Centro tenham autonomia orçamentária para evitar que as pautas debatidas pelos corredores deixem de ser “não tem sala para a disciplina que leciono”; “as aulas não podem iniciar para várias disciplinas por ausência de ar condicionado”; “faltam lâmpadas em muitos ambientes”; “goteiras destruíram nossos materiais”; e passem para assuntos mais estratégicos, tais como: quais os efeitos da pandemia no processo de aprendizagem de nossos estudantes? Ou ainda as novas ideias para o ano acadêmico que se inicia, sobre a melhor estratégia de aproveitar o novo momento de comando da nação, com expectativas de melhorias para a educação, ciência e cultura.
Quais os principiais desafios enfrentados hoje pela comunidade acadêmica da UFMA?
Luciano Façanha – São várias oportunidades envolvendo o ensino (graduação), a pesquisa e a extensão. Nos deparamos com laboratórios totalmente desestruturados, núcleos de extensão como o NEVE, na Vila Embratel, sem condições de funcionamento, salas sem ar-condicionado por todos os campi que visitamos no Estado. Estudantes têm os períodos comprometidos pela falta de professores, como foi o caso do curso de Enfermagem, em Pinheiro, faltando maior clareza na publicação dos editais. Outro problema enfrentado pela UFMA é o preenchimento de vagas na graduação. De 2008 a 2018, houve uma escalada progressiva de vagas ociosas no contraponto do esperado pelas políticas do REUNI, momento que mereceria uma reflexão da comunidade universitária quanto à gestão do compromisso firmado junto ao governo federal, visto que os recursos foram disponibilizados, cursos e campi criados, matrículas abertas, prédios edificados, professores e técnicos contratados para garantir o acesso pleno, a permanência e conclusão. Quais foram as dificuldades encontradas para o insucesso da implantação dessa política? De 2018 até aos dias atuais, passaram-se cinco anos e a situação dos cursos de graduação continua sem alcançar melhoria nestes indicadores. É preciso priorizar esses problemas e buscar soluções, pois o ensino de graduação é um dos principiais indicadores para o reconhecimento acadêmico de qualidade, reconhecimento internacional e de responsabilidade social.
O senhor acha que falta transparência na atual gestão da Universidade Federal do Maranhão?
Luciano Façanha – Não só transparência como vontade de fazer e a devida prioridade para definições de problemas crônicos. A comunidade acadêmica vivencia um cenário de lacunas e silêncios em relação às demandas urgentes que surgem no cotidiano da Universidade. Isso significa – em uma gestão centralizadora, de tomadas de decisões desacompanhadas de um diagnóstico concernente às prioridades que se impõem – destinar recursos financeiros para situações equivocadas. Por outro lado, há aprovações de várias resoluções importantes da Universidade, mas são aprovadas ad referendum, sob a alegação de urgência.
Qual é a grande lacuna hoje na Universidade Federal do Maranhão?
Luciano Façanha – Falta, sobretudo, representatividade na atual gestão. Pois a representatividade só é legítima quando ela consegue espelhar, refletir os anseios reais da comunidade acadêmica e a possibilidade de realização desses anseios. Precisamos de circulação das ideias na Universidade. Isto, sim, é democracia.
O senhor está preparado para assumir o cargo de reitor da UFMA?
Luciano Façanha – Sinto-me preparado, sim. Tenho um projeto político. Todos os cargos que eu ocupei na UFMA foram por eleição. Eu me planejei, de acordo com minhas experiências e, desde 2019, quando concorri ao cargo de vice-reitor e fiquei em segundo lugar, o projeto político veio se estruturando e se tornando mais forte. O Movimento UFMA Democrática nasceu do genuíno desejo daqueles que, como nós, compõem o tecer do cotidiano da vida acadêmica. Ao me escolher como candidato, ancorado por três segmentos da UFMA e não por acaso, o fizeram levando em conta os meus quase 20 anos de dedicação à vida acadêmica, à minha experiência como gestor e levando em consideração um histórico de projetos e realizações que beneficiaram e beneficiam a Universidade (ensino, pesquisa e extensão), com passagens administrativas pela coordenação do curso de Filosofia, Coordenação dos cursos de pós-graduação em Filosofia Política e Estética, chefia Departamental, Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade – PGCult, por duas gestões consecutivas, e, eleito como Diretor do Centro de Ciências Humanas. Também indicado ao prêmio FAPEMA por três vezes, vencedor do prêmio FAPEMA em 2021 e em 2022, entre outras experiências que me prepararam para a reitoria. Juntos, construímos as propostas para a UFMA que queremos.
As propostas de Luciano Façanha estão baseadas em dois eixos: Gestão Administrativa e Gestão Acadêmica, entre as quais:
– EIXO GESTÃO ADMINISTRATIVA
Revisar os documentos institucionais (Estatuto, Regimento, PDI, PPI e as Resoluções);
Aperfeiçoar a plataforma de divulgação de dados institucionais e a reestruturação da gestão documental e de preservação digital;
Aperfeiçoar a plataforma de divulgação de dados institucionais e a reestruturação da gestão documental e de preservação digital;
Transformar o COLUN em uma Unidade Especial de Ensino da UFMA em concordância com o seu atual Regimento.
– EIXO GESTÃO ACADÊMICA
Consolidar a política de expansão dos Campus com base na autonomia, descentralização, transparência e sustentabilidade de forma a oportunizar condições de ensino, pesquisa e extensão voltadas às demandas regionais;
Definir, juntamente com o movimento estudantil, uma nova agenda de ações de assistência e apoio de modo a contemplar ao máximo as necessidades dos estudantes, bem como levantar as necessidades institucionais para atendimento das demandas apontadas;
Implantar o programa de acompanhamento de egressos;
Implementar carga horária destinada à extensão nos cursos de graduação nos termos da Resolução nº 03 MEC/CNE/CES de 18 de dezembro de 2018;
Implementar uma política de acompanhamento do processo de construção e revisão dos projetos pedagógicos dos cursos;
Fortalecer e ampliar os programas de pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu para docentes e técnicos-administrativos;
Criar redes de colaboração em pesquisas multidisciplinares e transversais entre os cursos de graduação e pós-graduação;
Garantir o cumprimento das leis e normas das políticas de inclusão e permanência de negros e povos originários, política de transparência de bolsas, com normas específicas, como construção de uma universidade democrática;
Criar o Programa de Bolsa de Produtividade em Pesquisa UFMA para valorização de docentes pesquisadores Juniors;
Fortalecer o compartilhamento da gestão superior com a gestão do HUUFMA, fortalecendo-o como espaço interdisciplinar de formação acadêmica;


