Jair Bolsonaro teve ontem à noite um encontro de 75 minutos no Palácio do Planalto com Alexandre de Moraes. Da conversa participaram também os ministros Ciro Nogueira e Ricardo Lewandowski.
A julgar pelo otimismo, quase se poderia dizer euforia, de assessores do presidente o cachimbo da paz entre as partes teria sido fumado. Diz um assessor direto de Bolsonaro sobre o resultado do encontro:
— Melhor impossível.
Há até a expectativa de que Bolsonaro discurse na posse de Moraes na presidência do TSE, marcada para terça-feira que vem.
Bolsonaro recebeu Moraes com uma camisa do Corinthians nas mãos e lhe deu de presente. Moraes entregou ao presidente o convite para sua posse no TSE.
É prudente ter cautela com o grau de confiança a ser depositado num armistício entre Bolsonaro e Moraes — ou, poderia-se dizer, num armistício entre Bolsonaro e as urnas eletrônicas. Mas é essa a esperança da ala política do governo depois do encontro de hoje.
Os gabinetes de Brasília andam agitados com a possibilidade de uma trégua na guerra pública entre Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes em torno da segurança das urnas eletrônicas. Os líderes do Centrão dizem que a negociação é promissora. Moraes colocou assessores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ele passará a presidir na semana que vem, para avaliar como atender a um ou outro pedido das Forças Armadas e tentar desanuviar o ambiente.
Os militares já cantam vitória nos bastidores. “Quando um não quer, dois não brigam”, disse ontem um empolgado auxiliar militar do presidente questionado sobre o assunto. Na superfície, a situação parece bem encaminhada. Nas internas, porém, é como se estivéssemos assistindo a uma cena de duelo em filme de caubói.
Só que, neste caso, os protagonistas mantêm uma das mãos com a arma engatilhada, enquanto a outra fica desimpedida, para o caso de um acordo. O desfecho ninguém é capaz de prever, mas nem o contexto e nem o histórico dos envolvidos autorizam otimismo. Um dos políticos que mais conhecem Jair Bolsonaro, o filho e senador Flávio (PL-RJ), já disse aos mais chegados que não acredita em acordo porque não confia em Moraes.
(O Globo)