Parlamentares da CPI do INSS querem convocar o ex-ministro José Sarney Filho para prestar depoimento na comissão sobre um depósito que ele recebeu de uma das empresas envolvidas na fraude contra os aposentados.
No dia 17 de março passado, um mês antes da realização da operação policial que desmascarou a quadrilha que desviava as aposentadorias do INSS, a empresa Rede Mais, apontada pela Polícia Federal como uma das engrenagens do esquema que desviou 4 bilhões de reais dos idosos, transferiu 7,5 milhões para a SF Consulting Serviços, firma que pertence ao filho do ex-presidente José Sarney, conforme reportagem publicada por VEJA.
O depósito chamou a atenção dos parlamentares da CPI do INSS. O senador Sérgio Moro (União-PA), por exemplo, defendeu a imediata quebra de sigilo de Sarney Filho. “Primeiro é necessário quebrar sigilo fiscal e bancário. Depois, seria a vez da convocação, a não ser que sejam encaminhadas explicações convincentes e documentadas sobre a transação”, disse ele.
O deputado Zé Trovão (PL-SC) anunciou que vai pedir a imediata convocação do ex-ministro. “Diante da gravidade do valor e do contexto, vou protocolar requerimento para convocar o senhor José Sarney Filho a fim de esclarecer a natureza desse contrato, a efetiva prestação do serviço e a origem desses recursos”, ressaltou o parlamentar .
Vizinhos da empresa nunca viram o ex-ministro no local

A SF tem uma capital social pequeno, de apenas 30 000 reais, funciona em uma sala modesta de um shopping em Brasília, declara como atividade principal a intermediação e o agenciamento de serviços e negócios e tem como único sócio Sarney Filho.
Três vizinhos da sala onde funciona a empresa, consultados por VEJA, disseram que nunca viram o ex-ministro. No computador do prédio consta que no endereço onde a empresa está registrada funciona um escritório que desenvolve “projetos de geração de energia renovável” .
Procurado, Sarney Filho se limitou a informar que o pagamento que recebeu é lícito e não guarda qualquer relação com o caso das fraudes das aposentadorias. Ex-ministro do Meio Ambiente dos governos Fernando Henrique e Michel Temer, ele explicou que, por questões contratuais, não pode entrar em detalhes sobre a natureza dos negócios mantidos com a Rede Mais. “Tenha absoluta certeza que não tem nada a ver com INSS, mas não posso me alongar sobre isso porque tenho contrato de sigilo”, disse. (Da Veja)