O União Brasil já tem um nome para indicar à vaga do ministro das Comunicações, Juscelino Filho: o líder da bancada na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, diretamente ligado ao presidente da sigla, Antonio de Rueda. Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de corrupção, o próprio Juscelino deve entregar uma carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois da denúncia da PGR, Rueda teve uma reunião com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, nesta terça-feira, 8, para tratar da substituição do correligionário. Lideranças da bancada que conversaram com a Coluna do Estadão, avaliam que Pedro Lucas já vinha sendo preparado pelo presidente do partido para assumir o ministério. Procurado, Rueda não retornou.
Durante um almoço com lideranças do partido, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ligou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para informá-lo da decisão de Juscelino e comunicar a indicação de Pedro Lucas para substituí-lo.
Em seguida, Alcolumbre passou o telefone para o próprio Juscelino, que conversou com Lula e agradeceu o apoio recebido no período em que esteve no governo.
Pedro Lucas Fernandes será o indicado da bancada do partido na Casa para assumir o Ministério das Comunicações, segundo o deputado Elmar Nascimento (União-BA).
— O indicado será o Pedro Lucas — afirmou Elmar Nascimento após deixar o Ministério das Comunicações no começo da noite desta terça. Ele participou de reunião com Juscelino pouco antes dom ministro divulgar sua carta de demissão.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Paulo Azi (União-BA), também foi citado em conversas.
Pedro Lucas se aproximou do presidente Lula em viagem recente dos presidentes do Legislativo e líderes convidados à Ásia. A indicação deve ser formalmente informada à bancada da legenda nesta quarta-feira.
A expectativa é que a mudança seja oficializada nos próximos dias. Lula tem reiterado a aliados que deseja manter o União Brasil no comando das Comunicações e que a legenda seguirá com espaço no governo.
Como mostrou a Coluna, logo após assumir a liderança do União, Pedro Lucas acenou diretamente a Lula ao apresentar um projeto de lei contra o desperdício de alimentos, no momento em que o preços dos produtos impacta a popularidade presidencial. Além disso, ele fez parte da comitiva do petista ao Japão e ao Vietnã duas semanas atrás, o que reforçou a aproximação.
Sua ascensão significa ainda mais acúmulo de poder de Rueda, como já ocorreu quando ele foi escolhido líder.
O partido deve aguardar a volta de Lula de uma viagem a Honduras para conversar com o presidente. De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, havia um entendimento prévio entre Juscelino e o petista de que, caso houvesse a denúncia da PGR, ele seria afastado do ministério. Para evitar constrangimento, ficou acertado que o próprio ministro apresentaria, rapidamente, uma carta de demissão.
Com a iminente demissão de Juscelino, integrantes da base governista criaram expectativa de o presidente Lula destravar a reforma ministerial. Entretanto, haverá apenas uma troca “de seis por meia dúzia”. A cadeira será mantida com o União Brasil e, confirmada a indicação de Pedro Lucas, também com um nome da Câmara.
O partido vive um racha com forte pressão interna para virar oposição. A ala oposicionista da legenda, inclusive, já trabalha pela candidatura presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que fez evento para apresentar seu nome, na semana passada.