O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, mandou uma carta para a Conmebol pedindo a saída do vice da entidade, Fernando Sarney, das cúpulas das Conmebol e da Fifa. O dirigente máximo da confederação vai assumir o cargo. A decisão tem que ser aprovada ainda no Congresso da Conmebol, o que é provável que ocorra.
O Conselho da Fifa é formado por indicados pelas confederações continentais. Em quase todas as vagas, são presidentes de federações nacionais. Há exceções pontuais como era o caso de Sarney que assumiu quando Marco Polo Del Nero, então presidente, não viajava ao exterior por medo de ser detido. E outros casos de cotas de mulheres previstos pela Fifa.
A CBF informou que Fernando Sarney foi nomeado na gestão de Marin e depois foi mantido nas gestões do Marco Polo e Rogério Caboclo. E, segundo a confederação, por mais de uma vez a Conmebol manifestou desconforto de ter um representante e um presidente da CBF no Conselho. Enquanto o mandato de Ednaldo foi interino, ele não interferiu no cargo na Fifa, nem na Conmebol.
“A minha remoção do Conselho da Fifa, no meu entender, foi uma traição, um ingratidão e está se tentando passar para a opinião pública fatos que não são verdadeiros. Não tenho ligação com Marco Polo e Marin e nunca influenciaram na minha indicação. É mentira que o Infantino tenha pedido minha remoção”, disse Fernando Sarney em ligação ao blog. “Ednaldo esqueceu-se dos compromissos assumidos, não só comigo como com mais gente.”
A CBF ressaltou que Ednaldo indicou Sarney para ser vice na sua chapa mesmo com a resistência da maioria das federações por nunca ter sido presidente de clube ou federação. De acordo com a confederação, o que o presidente da CBF está fazendo é igualar o Brasil aos outros países em que o presidente ocupa esse cargo, e não há traição ou quebra de compromisso. A CBF diz que a alteração feita agora atende orientação da Fifa e da Conmebol e iguala o Brasil aos outros países do mundo. A entidade disse ainda que Ednaldo não tem compromisso com uma pessoa, mas, sim, com princípios de transparência.
O blog já procurou a Fifa para ouvi-la sobre o assunto e espera resposta. Extraoficialmente, o blog apurou que a Fifa não se envolveu na troca de Fernando Sarney, e nem tinha conhecimento do assunto.
Sarney tinha um bom trânsito na Fifa, inclusive com o presidente Infantino e com Alejandro Domínguez, da Conmebol. Ele foi novamente eleito para o Conselho da Fifa no final do ano passado. Mas, pelo estatuto da Conmebol, o país que o indicou, no caso o Brasil, pode pedir a sua saída. Foi o que aconteceu com a carta de Ednaldo para o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez.
A partir daí, a decisão precisa ser aprovada pela assembleia da Conmebol que ocorrerá no final de março. Mas a tendência é que a definição seja ratificada já que há apoio dos presidentes.
Assim, o cargo ficaria vago e a CBF vai indicar um substituto para o Conselho da Fifa. Ednaldo Rodrigues vai apontar a si mesmo. Até porque é o procedimento padrão ter o presidente neste cargo. A própria Conmebol tem o entendimento de que é o normal a mudança já que o presidente da federação nacional tem direito à vaga, e havia dupla representação na entidade.
A substituição, no entanto, causa um desconforto com Sarney que foi um dos aliados de Ednaldo Rodrigues durante o período de disputa política pela CBF. Depois disso, houve afastamento entre os dois. Sarney não foi avisado da carta, a Conmebol o informara que poderia haver uma mudança. Ele segue como vice-presidente da CBF. (Igor Siqueira, UOL)