O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, acendeu o alerta após o Senado rejeitar o nome de Igor Roque, indicado de Lula, para o comando da Defensoria Pública da União (DPU).
Assim como Roque, Dino terá de passar pelo crivo do Senado, majoritariamente conservador, caso seja confirmado como a escolha de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF).
É raro o Senado rejeitar indicações do Presidente da República para cargos. Mas por vezes acontece.
Roque pagou o preço por uma campanha a favor do aborto. Recebeu 38 votos contrários, 35 favoráveis e uma abstenção.
Dino receia seguir caminho semelhante por ser hoje o principal porta-voz do governo contra a chamada extrema-direita bolsonarista. Ele já foi aconselhado a moderar o tom, sobretudo com a oposição ao governo no Senado.
Até mesmo na Câmara Flávio Dino tem buscado manter relação cordial com alguns bolsonaristas, como a deputada Bia Kicis.
Risco de indicar Dino ao STF
Senadores da oposição e de alas do Centrão têm usado a derrota do governo na Defensoria Pública da União (DPU) para alertar Lula sobre o risco de indicar Flávio Dino ao STF.
Publicamente e em conversas reservadas, senadores dizem que a votação da Defensoria é um recado a Lula de que podem repetir a dose, caso Dino seja indicado ao Supremo.
“Essa só foi uma mostra. Que o governo não venha com Dino para o STF, uma indicação totalmente política”, disse à coluna o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ).
Outro que indicou que a derrota do governo poderia se repetir no caso de Dino foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Em seu X (antigo Twitter), ele provocou Lula.
“Vai Lula, indica o Flávio Dino pro STF… O Senado tá esperando”, escreveu.
Oposição derrota indicação
A indicação de Igor Roque foi derrubada no plenário do Senado em votação foi secreta, como é costume nas indicações feitas pelo governo e apreciadas pelo Legislativo.
O nome de Roque enfrentou resistência desde sua indicação. Senadores criticaram o defensor por ter assumido o cargo informalmente antes de ter o nome aprovado no Legislativo.
A resistência a Roque se intensificou após a DPU organizar um seminário sobre o aborto legal. O evento, porém, acabou cancelado após forte reação do Legislativo.
Assim como o indicado para a Defensoria Pública e outros tribunais superiores, o escolhido de Lula para a vaga de Rosa Weber no STF terá de passar por sabatina e votação no Senado. (Metrópoles)