O radialista e jornalista Silvan Alves Pinheiro, que também se notabilizou como um grande apresentador de TV, foi um menino pobre, nascido na periferia de São Luís, que sonhou alto. Partiu ainda adolescente para o Rio de Janeiro, com o sonho de realizar uma carreira profissional. Chegou a ser morador de rua antes de conseguir o primeiro emprego e passou fome até ser resgatado da miséria por uma missionária que desenvolvia ações sociais, no início dos anos 60, num dos morros da capital fluminense.
Sempre bem humorado e irreverente como era seu estilo, Silvan não tinha vergonha de contar sua história. “Fui sim menino de rua, quando sai daqui de São Luís, para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Eu era um menino muito danado, travesso mesmo, e um dia eu aprontei demais na escola. Meus pais eram muito rigorosos, levei uma surra, fiquei de castigo e resolvi ir embora”.
Silvan conta que, ao chegar na Feira do João Paulo, num local onde havia o descarregamento de frutas e verduras, pegou carona num caminhão e conseguiu chegar ao Rio de Janeiro. Tinha a intenção de ir morar na capital fluminense com uma tia, irmã de sua mãe.
“Não consegui encontrar o endereço dessa minha tia. E tive que ir pra rua, morar na rua, passando a viver uma vida muito difícil. Minha sorte é que um dia fui resgatado na Praça da Sé por uma senhora que fazia um trabalho social, servindo um sopão às terças e quintas-feiras”.
E foi assim que, ainda adolescente, Silvan teve a chance de trabalhar numa rádio comunitária que funcionava num morro, no Rio de Janeiro. Depois de um duro aprendizado, viajou para tentar a vida em São Paulo. Após mais esta experiência, chegou a Brasília, onde passsou a fazer reportagem de rua na Rádio AM Planalto. Em seguida viveu uma temporada profissional em Belém. De volta ao Maranhão, trabalhou numa emissora da cidade de Imperatriz.
Silvan conta que a extinta Rádio Ribamar foi a primeira empresa em que trabalhou, ao retornar a São Luís, onde fez seu programa de estreia – “A Noite no Parque”, das 20 até 23 horas, e em seguida (de meia-noite a uma hora da madrugada) apresentava um noticiário policial para fechar a programação diária da emissora.
Depois disso, Silvan Alves, a convite do radialista Herbert Fontenele, participou da equipe fundadora da Rádio Mirante AM e, numa atividade simultânea, trabalhou como repórter e redator de Polícia no Jornal Pequeno e, então, no jornal O Imparcial. Em seguida, teve uma passagem pela Rádio Educadora e surgiu a chance de trabalhar na equipe de jornalismo da Rádio e TV Difusora.
Casado com Maria José Lima Alves e pai de dois filhos (Sullivan e Sulliane Lima Alves Pinheiro), Silvan era apaixonado por rádio. Ele gostava muito de rádio AM e de reportagem na área policial.
Formado em Direito, fez história como profissional da comunicação maranhense, e ficou conhecido pela cobertura de notícias policiais. Na carreira também trabalhou por diversas rádios, como a Cultura FM e a Rádio Timbira FM, onde apresentava o programa Ronda 1290. Ele consolidou sua carreira na editoria de polícia, com destaque para o programa Bandeira 2, na TV Difusora.
Silvan sofreu um Acidente Vascular Cerebral no dia 15 de julho de 2021 e apresentou sequelas, após ficar vários dias internado. Desde então ficou afastado do trabalho e vivia sob cuidado dos familiares.
Após o AVC, Silvan teve complicações no coração, e chegou a ser submetido a uma cirurgia. Na Segunda-Feira de Carnaval (20 de fevereiro), apresentou um quadro de febre e cansaço e precisou ser levado às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Araçagi, onde foi internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com baixo nível de oxigênio. Não resistiu e faleceu no início da tarde. Ele tinha 60 anos de idade.
Em nota, o Governo do Maranhão, a Assembleia Legislativa, a Câmara Municipal de São Luís e a Prefeitura de São Luís, através da Secretaria Municipal de Comunicação, manifestaram profundo pesar pelo falecimento de Silvan Alves. (Por Manoel Santos Neto)