• União Brasil manobra para evitar que Juscelino Filho, alvo de denúncia, tenha que prestar explicações ao Congresso

    Enquanto o ministro da Justiça, Flávio Dino, terá de voltar ao Congresso pela quinta vez em menos de três meses para dar explicações, Daniela Carneiro (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações) têm recebido tratamento diferente por parte dos parlamentares. Ligados ao Centrão e do mesmo grupo político do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), os dois foram chamados para participar de audiências em comissões, mas ainda não compareceram nem marcaram data para as audiências. Tanto Daniela quanto Juscelino são deputados licenciados, eleitos pelo União Brasil, e já foram alvo de suspeitas.

    Embora já tenha se antagonizado ao Palácio do Planalto em mais de uma ocasião, o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), afirma que tem agido para blindar os correligionários na Casa. Ele apresentou uma questão de ordem na Câmara que desobriga os titulares da Esplanada de comparecer a comissões temáticas que nada têm a ver com suas pastas.

    — Eu fiz o papel do líder do governo. Fiz uma questão de ordem mostrando que, fora da área fim de cada um dos respectivos ministérios, não é possível fazer sequer convite, quanto mais convocação — afirmou Elmar.

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    Nesta semana, em entrevista ao GLOBO, ele criticou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, por supostamente travar a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento. Costa retrucou, abrindo uma nova frente de atritos entre o Executivo e o União Brasil.

    Calcanhar de Aquiles

    A ministra do Turismo, que no início do ano foi confrontada sobre sua suposta ligação com milicianos, tem quatro convites aprovados —dois da Câmara e dois do Senado —, mas não há previsão de que vá comparecer. Ao contrário da convocação, quando há obrigação da presença, os convites deixam espaço para a ausência. Uma das comissões que convidou Daniela foi a de Relações Exteriores do Senado, no dia 16 de março. O presidente do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), aliado do governo, chegou a tentar adiar a leitura do requerimento, mas a oposição conseguiu fazer com que ele fosse aprovado.

    Juscelino, por sua vez, acusado de usar avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e receber diárias para compromissos pessoais, era aguardado na Comissão de Comunicações da Câmara na semana passada, mas a sessão foi cancelada porque o ministro não compareceu.

    Uma sessão conjunta das comissões de Infraestrutura e Ciência e Tecnologia do Senado está marcada para a semana que vem para ouvir Juscelino junto com a ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). Ambos foram procurados pelo GLOBO: enquanto Luciana confirmou presença, Juscelino já adiantou que não vai. De acordo com ele, uma nova data será marcada.

    Dos 29 ministros chamados para participar de audiências em comissões, apenas três ainda não compareceram nem marcaram uma data: Daniela, Juscelino e Marina Silva (Meio Ambiente). Os três foram eleitos para a Casa em outubro do ano passado. Marina, porém, não foi porque estava com Covid-19 e precisou desmarcar.

    A maior parte dos requerimentos de convite foi feito pelo PL, que tem a maior bancada e é o principal partido da oposição, mas não conta com o endosso de legendas como União Brasil, sigla dos ministros, PP e Republicanos.

    É praxe que em inícios de mandato os novos ministros marquem presença no Congresso para expor seus planos de trabalho e as prioridades. O novo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marcos Amaro, recém-nomeado, já foi convocado e deverá comparecer ainda em maio — mesma situação de Jader Filho (Cidades), que irá na semana que vem.

    Dino, por sua vez, foi convocado desta vez para prestar esclarecimentos na Câmara sobre declarações que fez sobre a categoria dos Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs). Suas idas à Casa têm sido marcadas por bate-bocas com deputados da oposição. (O Globo)

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