O ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma brincadeira com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10). Réu no processo penal sobre tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro chamou o ministro, relator do caso, para ser seu vice nas eleições de 2026.
Interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro perguntou, em momento de descontração se o magistrado gostaria de ser seu candidato a vice em 2026. Moraes, após receber o convite inusitado, disse que não aceitaria.
Em dois julgamentos em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (STF) tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação.
Durante o depoimento desta terça, Bolsonaro narrava como as pessoas tratam ele nas ruas e questionou o ministro Alexandre de Moraes se ele gostaria de ver um vídeo com essas imagens. Em seguida, Moraes respondeu: “Declino”.
Bolsonaro então perguntou a Moraes: “Posso fazer uma brincadeira?”, ao passo que Moraes respondeu: “O senhor quem sabe. Eu perguntaria os seus advogados”.
Bolsonaro então replicou: “Eu gostaria de convidá-lo para ser vice em 26”. Em resposta, Moraes afirmou: “Eu declino novamente”. O episódio arrancou risadas dos presentes.
O STF retomou, na tarde desta terça-feira (10), o interrogatório dos réus do ‘núcleo crucial’ na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Bolsonaro é o sexto a ser ouvido. Ele é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como peça-chave da organização criminosa que atuou pela ruptura democrática.
Antes do depoimento
Ao chegar no plenário da Primeira Turma para acompanhar as audiências nesta manhã, Bolsonaro afirmou que poderia “falar por horas” durante seu interrogatório se “puder ficar à vontade”.
Uma hora antes do interrogatório de Bolsonaro, Moraes negou pedido da defesa do ex-presidente para exibir vídeos durante seu interrogatório sobre a suposta trama golpista. Segundo o ministro, os advogados podem juntar os vídeos no processo.
Em resposta, ao chegar na sessão nesta tarde, Bolsonaro afirmou: “Não achei nada”.
Nesta segunda-feira (9), foram ouvidos o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem.
Na sessão desta terça de manhã, os interrogados foram o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno.
Em que fase está o julgamento?
Os depoimentos marcam a reta final da instrução processual — fase em que são reunidas provas para embasar o julgamento. É nesse momento que os réus têm a chance de responder às acusações e apresentar suas versões dos fatos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo integra o “núcleo crucial” da organização criminosa que atuou para tentar romper a ordem democrática. Entre os réus está o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Concluída a fase de interrogatórios, o processo segue para uma etapa de diligências, caso sejam solicitadas por defesa ou acusação. Depois, será aberto o prazo de 15 dias para apresentação das alegações finais, antes de o caso ser levado a julgamento na Primeira Turma do STF.