O presidente Jair Bolsonaro anunciou aos seus que está fora do PSL. O partido que o alojou para a disputa de 2018 fará falta? Bolsonaro parece dizer a todos que não. E banca a aposta: estaria convencido de que pode repetir o feito das últimas eleições. Impulsionado pela alergia geral a partidos políticos tradicionais, elegeu-se presidente sem dinheiro ou tempo de televisão. Para a disputa municipal, mesmo sem ter certeza se conseguirá levar alguma parte dos recursos do PSL para o partido que pretende fundar, Bolsonaro mostra-se convicto de que o mesmo espírito de 2018 ainda está vivo.
Mas essa crença política do presidente pode esbarrar nas pretensões eleitorais de seus próprios aliados. Parlamentares eleitos na onda bolsonariana, que certamente têm planos de ampliar seu cacife nas eleições municipais, estão sujeitos à dúvida. Um novo partido, sem recursos do fundo partidário, tem fôlego para fazer vingar, de novo, candidaturas apenas na base de mensagens por WhatsApp? Na cabeça de quem vacila diante da questão devem pairar as cifras do caixa partidário. Os cofres do PSL estão recheados de recursos do fundo partidário por ter o partido eleito uma grande bancada de deputados.
Dispensar esses recursos numa disputa tão pulverizada e em cidades onde sequer o partido tem estrutura montada poderia parecer um contrassenso. Ainda mais para aqueles afiliados do PSL que, na mais recente briga interna, debandaram-se para o lado oposto do presidente.
Mas há os que creem na força do discurso empunhado por Bolsonaro. E esses seguirão o presidente para onde ele for. Afinal, com ou sem dinheiro, o chefe do Executivo, mesmo que diga que não acredita em pesquisas, ainda aparece nelas com popularidade suficiente para fazer selfie , gravar lives ou até mesmo subir no palanque pedindo voto para muita gente. Do outro lado da rua, haverá o ex-presidente Lula com possibilidade de fazer o mesmo. O Globo