• Ao anunciar Lewandowski na Justiça, Lula diz: ‘O meu time sou eu que escolho’

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira que o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski assumirá a pasta da Justiça no lugar de Flávio Dino. A escolha foi oficializada após reunião no Palácio do Planalto com a presença de Dino e da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja. A posse será marcada para o dia 1º de fevereiro. Dino seguirá no governo até o dia 30, para comandar a transição. Lula afirmou que Lewandowski terá liberdade para escolher sua equipe.

    — Tenho do meu lado um companheiro que foi extraordinário ministro da Suprema Corte — disse Lula sobre Lewandowski.

    O presidente indicou que deixará a cargo do novo ministro montar sua equipe no Ministério da Justiça. O atual secretário-executivo, Ricardo Cappelli, afirmou ao GLOBO que não deve permanecer.

    — Tenho o hábito cultural de não indicar ninguém para (cargos em) nenhum ministério. Quero que as pessoas montem o time que elas vão jogar. O meu time sou eu que escalo. Se eu perder, que me tirem. Se eu ganhar, que eu continue.

    O mandatário afirmou que o decreto de nomeação do novo ministro da Justiça será publicado no dia 19 de janeiro, mas que a posse só ocorrerá em 1º de fevereiro. Até lá, Dino seguirá à frente da pasta.

    Lula disse que tem por “hábito não indicar ninguém para os ministérios” porque entende que cabe a cada ministro montar seu time. No entanto, afirmou que ainda discutirá com o futuro ministro “para ver quem fica, quem sai, quem entra” do Ministério da Justiça na próxima gestão.

    Desde que a indicação de Dino para o Supremo, no fim do de novembro, Lewandowski passou a ser tido como favorito para o Ministério da Justiça. Ele teve um café da manhã com Lula na segunda-feira no Palácio da Alvorada. Na ocasião, o presidente fez o convite para que o ministro aposentado do Supremo integrasse o governo.

    Ao anunciar o ex-integrante do STF como seu ministro, Lula disse que teve dúvidas se o aliado aceitaria o cargo e lembrou de como conheceu Lewandowski.

    Os dois, porém, vinham conversando sobre o Ministério da Justiça desde o ano passado. Em novembro, logo após a indicação de Dino para o Supremo, Lewandowski fez parte da comitiva do governo na Cop-28 nos Emirados Árabes.

    — Eu tinha dúvidas se Lewandowski não ia preferir dar um tempo à vida particular dele (após se aposentar do STF, em abril do ano passado). Conheci ele com 28 anos, trabalhando na prefeitura de São Bernardo (do Campo) — lembrou Lula. — Tive a honra de ser o presidente que indicou (ao STF) o nome dele para o Senado. Foi aprovado de forma extraordinária, com muitos elogios, de direita, de esuqerda, de centro. O mesmo aconteceu com Flávio Dino.

    Lewandowski, de 75 anos, foi ministro do Supremo entre 2006 e 2023. Foi o próprio Lula que o nomeou para a Corte. Durante o seu período no STF, ele foi considerado o ministro mais leal ao líder petista.

    Depois de deixar o Supremo, Lewandowski passou a atuar na iniciativa privada e exerceu, entre outras funções, o cargo de conselheiro da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Também não se afastou completamente da vida pública e desempenha o papel de integrante do Observatório da Democracia e compõe a Corte do Mercosul.

    Não pedi demissão’, diz Cappelli 

    O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou via redes sociais que “não pediu demissão” do cargo. Ao GLOBO, mais cedo, ele havia dito que não permanecerá na pasta com a chegada de Ricardo Lewandowski.

    “Não pedi demissão. Vou sair de férias com a minha família e voltar para colaborar com a transição no Ministério da Justiça e Segurança Pública. União e Reconstrução”, afirmou ele por meio das redes sociais.

    O secretário-executivo e Dino tiveram um encontro nesta quinta-feira, antes da reunião no Planalto em que Lula vai oficializar a escolha de Lewandowski para assumir o Ministério da Justiça.

    Durante o seu período como número 2 da Justiça, Cappelli assumiu duas missões fora do ministério. A primeira como interventor da segurança pública do Distrito Federal após a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Em seguida, o secretário-executivo foi escalado para comandar interinamente o Gabinete de Segurança Institucional, após a demissão de Gonçalves Dias.

    A pessoas próximas, Cappelli vinha afirmando que aceitaria permanecer no Ministério da Justiça desde que mantivesse o cargo de secretário-executivo. A transferência para a Secretaria de Segurança Pública, por exemplo, era vista por ele como um rebaixamento.

    Ainda em conversas internas, Cappelli também não vislumbra a possibilidade de ser convidado para um outro posto no governo.

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