Em mais uma mudança na gestão dos principais órgãos de cultura do país , o Governo Federal exonerou a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa. Em seu lugar, foi nomeada a arquiteta e urbanista Luciana Féres, que já foi gerente de cultura no Sesc de Minas Gerais e atuou em cargos de gestão na Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo já tinha noticiado, a demissão de Kátia Bogéa era dada como certa dentro do governo. Ela ocupava o posto desde 2016 e é ligada ao ex-presidente José Sarney e ao deputado Hildo Rocha, que mais uma vez demonstrou não ter força com o presidente Bolsonaro, uma vez que não conseguiu indicar também o reitor da Ufma.
Na terça-feira, 10, o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, havia dito que o governo de Jair Bolsonaro não irá “aparelhar” a produção artística do Brasil e afirmou que ainda avaliava sobre a troca da presidência do Iphan. “Estamos estudando o caso do Iphan. Meio bilhão de reais que o órgão lida por ano. É um caso muito complexo. A gente está estudando delicadamente e com muito esmero o caso”, disse.
Após uma série de nomeações alinhadas à guinada ideológica e conservadora promovida pelo secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, Féres apresenta um perfil mais técnico e com experiência na área onde atuará. Ela já foi diretora do Conjunto Moderno da Pampulha e atuou na candidatura do conjunto de monumentos da capital mineira à Patrimônio Mundial da UNESCO.
A arquiteta também foi membro do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e do Conselho Estadual do Patrimônio do Estado de Minas Gerais. Atualmente ela é professora do curso de pós graduação em planejamento urbano e ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), segundo seu perfil na plataforma Lattes.
Sua antecessora, Kátia Bogéa, estava na presidência do Iphan desde 2016, após ter atuado como servidora no órgão por 34 anos. Ela estava a frente do instituto quando ele foi arrastado para o centro de um escândalo político durante o governo de Michel Temer .
Na ocasião, o então ministro da secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, tentou pressionar o Ministério da Cultura, chefiado por Marcelo Calero, a mudar uma decisão técnica do Iphan que negava a construção de um prédio em Salvador. Geddel havia comprado um apartamento no edifício, segundo investigações do Ministério Público Federal. A crise culminou com saída dos dois ministros do governo.
Outra troca na área da cultura publicada nesta quarta-feira ocorreu na Secretaria de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual. O governo exonerou Maurício Carlos Da Silva Braga, que havia assumido o cargo em fevereiro deste ano, e nomeou Marcos de Almeida Villaça Azevedo. O Globo