• Brandão a Sarney: “seus conselhos têm servido para que a gente possa conduzir o Maranhão”

    “E eu me sinto verdadeiramente honrado em estar governador em um momento tão significativo como este. Um dia em que, de forma muito justa, homenageamos José Sarney, um homem que dedicou toda a sua vida política a servir o Brasil”, disse o governador Carlos Brandão, durante pronunciamento feito na sessão solene realizada pela Assembleia Legislativa do Maranhão, na qual entregou ao ex-presidente da República a Medalha “Manuel Beckman, maior honraria concedida pelo Parlamento Estadual. A iniciativa foi proposta pelo deputado Roberto Costa (MDB).

    O chefe do Executivo maranhense destacou a trajetória do político e imortal da Academia Brasileira de Letras, dizendo que ele escreveu uma página importante da história da nação brasileira e foi figura essencial para a consolidação da democracia, porque foi em seu governo que se deu a transição democrática do país.

    “Presidente José Sarney é um democrata, um grande homem público. Ao assumir a Presidência da República, em 1985, enfrentou um período crítico na história brasileira, mas foi sob a sua liderança que nosso país navegou pelo processo complexo da redemocratização, marcando o fim de um regime autoritário e abrindo caminhos para a liberdade e participação democrática de que desfrutamos hoje”, disse Brandão.

    O governador lembrou que José Sarney foi o último presidente a ser empossado após uma eleição indireta, pondo fim à ditadura militar. “É uma transição que exigia o equilíbrio político e visão estratégica ímpar. Para quem não viveu aquela época, é importante recordar que o processo de redemocratização do Brasil foi um período de intensas transformações políticas e sociais que marcaram o fim de um regime autoritário e o retorno ao Estado Democrático de Direito”, acrescentou.

    Carlos Brandão falou da trajetória política de José Sarney, destacando seu mandato como presidente da República em um dos momentos mais importantes da história do Brasil.

    “José Sarney foi empossado após a fatídica perda do seu companheiro de chapa, Tancredo Neves, e ficou diante do desafio de manter o país nos trilhos para a democracia. E neste momento o seu equilíbrio e experiência fez diferença. Convocando a Constituinte, nos legou a mais democrática Constituição da nossa história, garantindo o equilíbrio democrático e social para dar fim à ditadura”, disse Brandão.

    Ao receber a medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman das mãos da deputada estadual Iracema Vale e acompanhar os discursos em sua homenagem, o ex-governador e ex-presidente José Sarney se dirigiu ao púlpito do Plenário Nagib Haickel onde se disse honrado e surpreso com a homenagem e fez seus agradecimentos.

    “O parlamento é o coração da democracia, pois é ele que representa verdadeiramente o povo. E o político é sem dúvida alguma um homem que serve à comunidade. E a maior função da política é harmonizar os conflitos. E este foi o meu norte em toda a vida pública. Por isso convoquei a Assembleia Constituinte, em 1986, que foi instalada oficialmente em 1987, e que culminou na Constituição de 1988, pois sem ela não seria possível haver a transição democrática. Então, tenho absoluto orgulho de ter presidido o Brasil nesse período”, discursou José Sarney.

    José Sarney fez questão de pontuar que a missão do político é servir às pessoas que mais necessitam da atenção do poder público.

    “O político é, sem dúvida alguma, um homem que serve à comunidade. Os políticos são muito injustiçados. Há maus políticos, mas a maioria é formada por bons políticos. O primeiro sentimento de um político é de servir e dedicar sua vida ao seu mandato”, destacou.

    Durante o pronunciamento, o ex-presidente da República também falou sobre o trabalho de redemocratização do Brasil com a promulgação da chamada Constituição Cidadã, em 1988.

    “Eu convoquei a Constituição de 1988 para a transição democrática, porque disse a Ulisses que, sem constituição, não há transição. E aí, juntos, resolvemos os problemas que tínhamos. Fizemos uma constituição que tem seus defeitos, que até hoje nós estamos modificando com medidas ou emendas constitucionais. Então, eu tenho absoluto orgulho de ter presidido a transição democrática e, durante a transição democrática, também nós conseguimos que o Brasil se transformasse na sexta economia do mundo”, disse.

    Por fim, Sarney exaltou sua paixão pelo Maranhão. “Parabéns ao povo maranhense, que, sem dúvida, tem a ajuda da Assembleia, dos políticos maranhenses, com a consciência que eles devem ter da sua responsabilidade, do seu dever de servir, da honestidade do exercício das funções públicas para que, então, possamos ter aquilo que eu sempre digo: Maranhão, minha terra, minha paixão”, finalizou.

    A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, afirmou que, ao conceder a honraria, a Casa reconhece e homenageia a história e o legado de José Sarney, que são reconhecidos no mundo todo.

    “Temos na parede do nosso plenário uma frase de José Sarney a qual diz que sem parlamento livre não há democracia. Por isso, a homenagem de hoje honra esta Casa. José Sarney é um grande estadista e contribuiu muito para a construção do Maranhão e do Brasil, sendo o responsável pela transição democrática. Em seu governo a Constituição Cidadã foi promulgada. Portanto, é um dia histórico para todos nós”, afirmou Iracema Vale.

    Capacidade de diálogo

    Ainda relatando a importância de José Sarney para o país, Brandão enfatizou que sua capacidade de diálogo, seu equilíbrio e a sua experiência na condução da política brasileira fizeram toda a diferença. “Foi ele quem convocou a Constituinte que resultou na Constituição considerada a mais democrática já escrita no país, a Constituição Cidadã. Com as eleições diretas restabelecidas, o país da Nova República nos trazia de volta o multipartidarismo, a ampliação das nossas relações internacionais e a possibilidade de desfrutarmos da liberdade de expressão”, lembrou.

    Carlos Brandão disse ainda que fazia questão de tecer esse relato histórico para que todos, principalmente os mais jovens, entendessem o porquê da homenagem prestada pela Assembleia Legislativa do Maranhão.

    “Uma homenagem importante, mas ao mesmo tempo tão singela diante da magnitude de sua trajetória política. A Medalha Manuel Beckman está muito bem conferida, por toda a dedicação que sempre destinou ao Maranhão e ao Brasil. Quero deixar o meu aplauso à iniciativa do deputado Roberto Costa por este tão merecido reconhecimento”, salientou.

    O governador concluiu seu discurso desejando que o legado de luta pela consolidação da democracia inspire muitos outros jovens que sejam políticos ou escritores. “Eu sempre me aconselhei com o presidente Sarney e seus conselhos têm servido para que a gente possa conduzir o Maranhão com muita harmonia entre os Poderes, dialogando muito, para que a gente possa fazer um grande governo”, afirmou.

    Trajetória política

    Nascido em Pinheiro, em 24 de abril de 1930, José Sarney de Araújo Costa graduou-se pela Faculdade de Direito do Maranhão em 1953, e em 1954 iniciou sua vida pública.

    Em 1956, assumiu o mandato de deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD). Entre 1966 e 1970, foi governador do Maranhão, tendo sua administração marcada, principalmente pelo desenvolvimento da infraestrutura do estado.

    De 1970 a 1979, foi senador pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). Em 1985, como membro da Frente Liberal, foi eleito vice-presidente na chapa de Tancredo Neves. Com o falecimento de Tancredo Neves antes da posse, José Sarney assumiu a Presidência da República, sendo o primeiro civil a ocupar o cargo após 21 anos de ditadura militar.

    Entre os marcos do seu governo está a transição para o regime democrático. Também foi durante seu governo que foi promulgada a atual Constituição Federal (1988). Após o término de seu mandato presidencial, elegeu-se duas vezes senador pelo estado do Amapá (1991 e 1999), sendo presidente da Casa no período de 1995 a 1996 e 2003 e 2004.

    Produção literária

    Ao lado de sua vida política, José Sarney desenvolveu uma extensa carreira literária, como autor de contos, crônicas, ensaios e romances que já somam 120 obras. Em 1952, foi eleito para a Academia Maranhense de Letras (AML) e em 1980 para a Academia Brasileira de Letras (ABL).

    Entre suas obras mais conhecidas estão Marimbondos de fogo, livro de poesias lançado em 1978, o romance O dono do mar, de 1995, e Saraminda, de 2000.

    Uma resposta

    1. Como assim se o Maranhão sobre a eterna liderança da família Sarney continua o Estado mais miserável do Brasil segundo os índice do IBGE

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