• ‘Caça-comunistas’, tabela de preços e menções a autoridades: como atuava grupo que executou advogado, segundo a PF

    Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros em Cuiabá, em 2023; grupo foi contratado para o crime, dizem investigadores. Apuração levou à descoberta de esquema de venda de sentenças no estado e no STJ.

    A investigação da PF sobre a morte do advogado Roberto Zampieri levou à descoberta de uma organização criminosa envolvida com espionagem e assassinatos. Cinco suspeitos foram presos nesta quarta-feira (28). O grupo se autodenominava “Comando C4” e mantinha tabela com preços de execuções. Investigações apontam ligação com venda de sentenças no TJ-MT e suspeitas no STJ. Zampieri foi morto com dez tiros em dezembro de 2023. Segundo a PF, o assassinato foi encomendado em meio a uma disputa judicial por terras avaliadas em R$ 100 milhões.

    O grupo criminoso, de acordo com a PF, se autodenominava ‘Comando C4’ – ou ‘Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos’.

    Ainda de acordo com informações da PF obtidas pela GloboNews, o grupo mantinha tabelas impressas com o ‘preço’ de cada assassinato, a depender da ‘função’ de cada vítima:

    • ‘figuras normais’: R$ 50 mil
    • deputados: R$ 100 mil
    • senadores: R$ 150 mil
    • ministros / judiciário: R$ 250 mil

    As informações já divulgadas não permitem saber se alvos desses cargos foram, de fato, espionados – ou se a tabela era apenas uma ‘previsão’. O planejamento previa, ainda, locação de imóveis e ‘utilização de garotas e garotos de programas como iscas’.

    O grupo listou também materiais e veículos que poderiam ser acionados nas operações:

    • 5 fuzis de snipper com silenciador;
    • 15 pistolas com silenciador;
    • munição;
    • lança-rojão tipo AT 34 de ombro;
    • minas magnética e explosivos com detonação remota;
    • 5 veículos Doblò usados;
    • 5 carros pequenos/médios;
    • placas frias.

    Essas funções de ‘mandante’, ‘financiador’, ‘atirador’ e ‘intermediador’ foram atribuídas aos suspeitos pela Polícia Civil de Mato Grosso, ao indiciar o grupo em 2024.

    Segundo a PF, Aníbal Manoel Laurindo ordenou o assassinato em razão de uma disputa judicial envolvendo terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões no Mato Grosso.

    Além das cinco ordens de prisão, há ainda ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão. O STF também autorizou medidas cautelares contra esses alvos que não devem ser presos – recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e ordem para entrega dos passaportes.

    A TV Globo apurou que foram presos nesta quarta:

    • Aníbal Manoel Laurindo (produtor rural, suposto mandante);
    • Coronel Luiz Cacadini (suposto financiador);
    • Antônio Gomes da Silva (suposto atirador);
    • Hedilerson Barbosa (suposto intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola 9mm usada no assassinato)
    • Gilberto Louzada da Silva.

    Essas funções de “mandante”, “financiador”, “atirador” e “intermediador” foram atribuídas aos suspeitos pela Polícia Civil de Mato Grosso, ao indiciar o grupo em 2024.

    Nos documentos desta nova fase da operação, a Polícia Federal corrobora os indiciamentos da Polícia Civil.

    Segundo a PF, Aníbal Manoel Laurindo ordenou o assassinato em razão de uma disputa judicial envolvendo terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões no Mato Grosso.

    Além das cinco ordens de prisão, há ainda ordens de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão.

    O STF também autorizou medidas cautelares contra esses alvos que não devem ser presos – recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e ordem para entrega dos passaportes.

    Caso Zampieri

    O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente ao escritório, em dezembro de 2023.

    Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida. Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu.

    O delegado da Polícia Civil, Nilson Farias, disse que o atirador aguardava o advogado na frente do escritório e que a vítima tinha um veículo blindado há mais de 5 anos.

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