• Candidatos a governador pelo PDT pressionam partido para receber Lula no palanque

    O Globo – A estagnação de Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência, nas pesquisas de intenção de voto tem provocado um movimento de postulantes da sigla aos governos estaduais, que já pressionam o partido para a formação de palanques duplos. Com ao menos nove pré-candidatos a governadores — a maioria no Nordeste —, a legenda conversa com aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um dos principais alvos do ex-ministro, dando margem para que pedetistas endossem a campanha do petista ao Palácio do Planalto.

    De acordo com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, cada estado tem a sua peculiaridade e, por isso, a sigla não pode “colocar uma camisa de força nas realidades estaduais”. Como pano de fundo para as negociações, porém, há correligionários de Ciro que pressionam para que o ex-ministro abra mão de sua candidatura.

    — Em alguns estados terão (palanques duplos) mais à esquerda, outros mais ao centro. Quem colocar uma camisa de força nas realidades estaduais está fadado ao fracasso — afirma Lupi.

    Dos nove estados em que o PDT pretende lançar candidatos (veja ao lado), em seis há negociações com dirigentes do PT. Na Paraíba, há negociações para uma chapa com o ex-governador petista Ricardo Coutinho. No Ceará, base eleitoral de Ciro, o próprio governador Camilo Santana (PT), que deve disputar o Senado, defende a aliança com o PDT, e a sigla deve indicar o nome do postulante ao Palácio da Abolição, sede do Executivo cearense. No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) também já admitiu conversas com Carlos Eduardo.

    No Sergipe, embora o senador petista Rogério Carvalho seja apontado como o candidato da sigla ao governo, o pedetista Edvaldo tem mantido contato com dirigentes do PT. No Rio, Rodrigo Neves, que já foi filiado ao partido de Lula, também mantém laços com o diretório estadual do PT e se encontrou no final do ano passado com o ex-presidente.

    As tratativas para alianças entre pedetistas e petistas, porém, não necessariamente vão se concretizar em um palanque duplo para Ciro e Lula. Um exemplo disso ocorre no Maranhão, onde o senador Weverton Rocha, líder do PDT no Senado, já informou à legenda que fará campanha ao governo do estado ligando seu nome ao ex-presidente, escanteando Ciro Gomes. O parlamentar, no entanto, disputa o apoio de Lula com o atual vice-governador atual, Carlos Brandão, filiado ao PSDB, mas que deve migrar para o PSB em costura alinhada pelo governador Flávio Dino (PSB).

    A colocação de Ciro, atualmente, em quarto lugar nas pesquisas de opinião de voto — atrás de Lula, do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) — também dificulta a consolidação de alianças. Na terça-feira, o Cidadania, que negociava uma federação com o PDT, informou que as conversas não foram para frente.

    Diante disso, pedetistas têm pressionado Ciro para que ele abandone a corrida presidencial se sua candidatura não deslanchar até meados do próximo trimestre. Caso contrário, avaliam líderes da sigla no Congresso, parlamentares podem aproveitar a janela partidária de abril para deixar a legenda.

    As deserções no entorno de Ciro já começaram. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a ser apontado como candidato do PDT ao governo no Amapá. Hoje, no entanto, próximo a Lula, o parlamentar é um dos principais empecilhos no partido de Marina Silva para uma possível aliança com Ciro.

    Enquanto alguns diretórios acenam ao PT, em outros estados a busca por palanque duplo é com partidos de centro. Na Bahia, o negocia uma das vagas na chapa do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (DEM). Em Goiás, o PDT vai repetir o apoio ao governador Ronaldo Caiado (DEM). Em Minas, Ciro tem feito acenos ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). O Globo

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