Após assumir a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 22 de fevereiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, quebrará a tradição e abrirá mão da festa de recepção aos convidados, bancada por associações de magistrados em quase todas as posses de ministros da Corte. O GLOBO apurou que, ao ser procurado pelas entidades ligadas à magistratura, o futuro ministro do STF tem declinado os convites.
Assim, a solenidade de posse de Dino se restringirá à cerimônia realizada no plenário da Corte, com a presença de autoridades, seguida por uma fila de cumprimentos. A festa oficial deve contar com cerca de 400 convidados.
Ao dispensar a realização da festa, Dino se somará às ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber, sua antecessora, que, ao assumirem a presidência do Supremo, também fizeram o mesmo. A última grande festa oferecida por uma associação de magistrados a um ministro do STF foi a de Luís Roberto Barroso como presidente do tribunal.
Juiz federal por 12 anos antes de entrar para a vida política, Dino diz a interlocutores que prefere se manter discreto em relação a esse tipo de evento. Ao longo de sua passagem pelo Ministério da Justiça, foi figura escassa em reuniões e jantares oferecidos na capital federal.
Enquanto esteve na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, Dino foi figura presente nas ações do governo, em entrevistas e especialmente no embate com o bolsonarismo. A postura gerou resistências na oposição e levou a uma aprovação ao STF no Senado que só teve margem mais larga que a de André Mendonça, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A solenidade de posse de Dino no STF deverá contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou, além dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Os convites para a cota pessoal do ministro começarão a ser disparados esta semana pelo cerimonial da Corte.
Como mostrou O GLOBO, os detalhes para a chegada de Dino no STF estão quase todos prontos. O futuro ministro já definiu que terá três juízes auxiliares, dois homens e uma mulher, todos oriundos da Justiça do Maranhão. Dois deles devem ficar mais dedicados à matéria penal, e um para controle de constitucionalidade.
Dino já definiu grande parte do time que o acompanhará. Para a chefia de gabinete, ele escolheu Rafaela Vidigal, que ocupou a mesma função quando Dino foi governador do Maranhão e titular da Justiça. Como assessora-chefe no STF, o novo ministro levará Larissa Abdalla. Integrante do ministério atualmente, ela foi secretária de estado de Desenvolvimento Social durante a gestão de Dino.
Ele será alojado no espaço em que despachava a ministra Rosa Weber, que se aposentou em outubro após completar 75 anos. No 5º andar do prédio do tribunal, será vizinho de corredor dos ministros André Mendonça e Kássio Nunes Marques. (O Globo)