O União Brasil e o PSD selaram na noite desta segunda-feira (9) um acordo para que os dois partidos caminhem juntos na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados. O movimento ocorre após o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), desistir da disputa em prol do líder de seu partido, Hugo Motta (PB).
Hoje, os dois partidos têm candidatos: Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA). A ideia, de acordo com relatos, é que as duas candidaturas sejam mantidas mas que, mais adiante, haja uma convergência com a escolha de um nome —parlamentares a par das negociações dizem que isso pode ocorrer somente num eventual segundo turno na disputa.
Além disso, pessoas familiarizadas com as negociações dizem que esse acordo pode se estender à disputa no Senado, em que o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) desponta como favorito.
O acerto, que já vinha sendo discutido nos bastidores, foi selado numa reunião na casa do ministro Celso Sabino (Turismo) na noite desta segunda. Também participaram o ministro Juscelino Filho (Comunicações), o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e deputados dos dois partidos.
Elmar publicou uma fotografia do encontro em seus perfis nas redes sociais. “Quando trabalhamos juntos, conseguimos ir mais longe. Unidos por algo maior: o compromisso de construir um Brasil onde o diálogo e o entendimento fazem a diferença”, escreveu.
Já como uma sinalização da união das duas legendas, Brito deverá participar da reunião de bancada do União Brasil nesta terça (10), assim como Elmar participará do encontro dos deputados do PSD. Hoje, União Brasil tem 59 deputados e o PSD, 44.
Juntos, os dois partidos têm seis representantes na Esplanada de Lula. Parlamentares afirmam que essa união também pressiona o Executivo a apoiar a eventual candidatura que represente essa aliança. O presidente Lula, no entanto, tem afirmado publicamente que o governo não tem um candidato na disputa.
De acordo com dois participantes do encontro desta segunda, a ideia é atrair outros partidos para a aliança, entre eles MDB, PSB, PDT, PSDB-Cidadania, Avante e PRD. O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), no entanto, negou à Folha na semana passada que a sigla participará desse movimento.
“Está fora de discussão e cogitação o MDB endossar o movimento de União Brasil e PSD na disputa pela presidência da Câmara. A decisão do MDB será dentro do bloco do qual ele já faz parte. Não tem discussão de bloco futuro”, afirmou o emedebista.
O movimento dos dois partidos frustra, ao menos por ora, o plano de Lira em costurar uma candidatura de consenso na eleição da Mesa Diretora. O alagoano tem afirmado que trabalha para ter apoio tanto do PL quanto do PT em torno de seu candidato.
A sucessão do presidente da Câmara teve uma reviravolta na semana passada com a ascensão de Hugo Motta no páreo. Lira não pode se reeleger e trabalha para transferir seu capital político a um nome de sua escolha. A eleição ocorre em fevereiro do ano que vem.
Lira vinha sinalizando a aliados que apoiaria Elmar, com quem mantém relação estreita de amizade. Apesar disso, o próprio presidente da Câmara tinha receios sobre a viabilidade do parlamentar, que enfrenta resistência de membros do governo e de parlamentares.
Com a saída de Marcos Pereira do páreo, o cenário mudou. E o presidente da Câmara passou a indicar que poderia chancelar o nome de Motta, por enxergar nele uma candidatura mais competitiva, num movimento que foi interpretado por aliados de Elmar como traição do presidente da Câmara. (Folha)