Qualquer que seja o desfecho do impasse no Ministério da Saúde, a fritura de Eduardo Pazuello trouxe às claras as articulações de aliados de Jair Bolsonaro para tirar o presidente do modo negacionista. Com recordes de mortes e colapso dos sistemas de saúde, os apelos, que vão dos militares (quem diria) ao Centrão, indicam que a crise deve se agravar. Do ponto de vista político, a “sacolejada” também veio de adversários eleitorais de Bolsonaro: tucanos se uniram, como mostrou a Coluna, Lula subiu no palanque e até Luciano Huck saiu da toca.
Incompetência… Respingos do óleo quente bolsonarista chamuscaram a médica Ludhmila Hajjar, defendida publicamente por Arthur Lira: apoiadores do presidente encontraram material dela falando verdades sobre a pandemia no País.
…ou estratégia? Há quem veja no movimento o “boi de piranha”: jogar Ludhmila às feras para passar adiante o nome de Dr. Luizinho (PP-RJ), “guru” da Câmara para a covid-19.
Será? Os secretários estaduais, porém, avaliam: a médica Ludhmila Hajjar, que chegou a se reunir com Bolsonaro, pode repetir problemas da gestão Nelson Teich, pouco conhecimento do SUS em hora crucial.
Ele, sim. Por isso, preferem Luizinho: além de médico, é gestor público, conhece o SUS, e tem bom trânsito no governo federal, no Congresso e nos Estados.
Me diz. Os gestores estaduais também temem mais enrosco na compra de vacinas. Porém, nesse caso, cabe a pergunta: e com Pazuello à frente das negociações a coisa vai bem?
Régua. A avaliação geral é uma: Pazuello perdeu o pulso da crise por ter tentando tocar a Saúde sob a ótica negacionista do chefe.
Óleo quente. A fritura de Pazuello, articulada por líderes do Congresso, conforme revelado no sábado, 13, pela Coluna, retira condições de o ministro permanecer no cargo (que ele ocupava até o fechamento desta edição).
Vixe. Aliás, os constantes recuos do ministro no calendário da vacinação seriam a principal fonte de desgaste do ministro com o chefe Jair Bolsonaro.
Sócios… Se por um lado, os militares chamam Bolsonaro à razão, por outro, participaram ativamente da pior gestão da pandemia, com Eduardo Pazuello.
…na crise. O general Pazuello bateu o pé e não foi para a reserva. Especialista em logística, entrou para organizar a casa, mas deve deixará a bagunça total.
No meio do caminho. Para a cúpula do PSDB, a declaração de João Doria ao Estadão de que não descarta reeleição ao Palácio dos Bandeirantes pode enfraquecer os seus movimentos internos para disputar prévias pela Presidência da República. Hoje, Eduardo Leite (RS) é tido como seu maior adversário no partido.
Copo meio cheio. Por outro lado, a fala é vista como muito boa para o partido externamente. Mostra que os tucanos não querem ser “donos da bola”, termo usado por um alto dirigente à Coluna.
Frente… O deputado Celso Sabino (PA) e o senador Roberto Rocha (MA), mais alinhados a Bolsonaro, deixarão o PSDB. Alvo de representação no Conselho de Ética do partido por apoiar Lira na eleição da Câmara, Sabino pediu desfiliação ao TSE.
… ampla? A saída de Rocha do PSDB abriu caminho para o vice-governador de Flávio Dino (PCdo-B), Carlos Brandão, voltar ao partido. Eduardo Leite (PSDB-RS) celebrou: “Decisão correta apoiar governador que dialoga, respeita as diferenças e trabalha pela vacina contra injustiças”. (Da coluna Estadão)