O novo ministro do STF, Flávio Dino, usou suas redes sociais neste sábado para ironizar um folião que se fantasiou do magistrado em um bloco de carnaval. Ao compartilhar a imagem, o ex-titular da Justiça e Segurança Pública no governo de Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu a homenagem, mas brincou que o homem estava com mais peso do que ele.
“Agradeço muito a homenagem. Mas o sósia está bem acima do meu peso”, escreveu o ministro.
Ataques gordofóbicos
Durante o período que ocupou uma cadeira no 1°escalão de Lula, Dino foi constantemente alvo de ofensas gordofóbicos. Após sua indicação ao STF, ataques crescem 30% nas redes. Na semana que o presidente confirmou o seu nome, um levantamento da Arquimedes identificou 14,5 mil publicações gordofóbicas contra Dino em três plataformas — X (antigo Twitter), Facebook e Instagram. Na semana anterior, porém, foram registrados cerca de 11,5 mil conteúdos contendo esse tipo de discriminação foram identificados pelos pesquisadores.
Em postagens curtidas por parlamentares da oposição como Carla Zambelli (PL-SP) e Marcos Pollon (PL-MS), Dino foi chamado de “comunista obeso” e “baleia”. Uma fala da comentarista da emissora Jovem Pan, Paula Schmitt, também foi amplamente divulgada e elogiada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante o programa “Linha de Frente”, a jornalista afirmou que o ministro foi indicado à Suprema Corte por cumprir a “cota de obesidade”.
O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro fez comentários sobre o peso de Dino. Ao ironizar uma decisão do Ministério Público Federal de acompanhar um inquérito da Polícia Federal que investiga se ele importunou uma baleia jubarte, o ex-mandatário aproveitou a ocasião para fazer um comentário contra o ministro:
—Todo dia tem uma maldade em cima de mim, a de ontem foi que estou perseguindo baleias. A única baleia que não gosta de mim na Esplanada é aquela que está no ministério, é aquela que diz que eu queria dar golpe, mas some com vídeos.
O antropólogo Ricardo Tassilo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que este tipo de preconceito ocorre quando os adversários não têm argumentos para criticar:
— A gordofobia ocorre quando não é possível atacar as ideias, a dialética ou a retórica de alguém. Daí, o agressor parte para a subjetividade, para o corpo. Os parlamentares fazem esta violência com pessoas que tem experiência e sabem da liturgia do seu cargo, o que incomoda seus adversários. Neste contexto, emergem os estereótipos de que uma pessoa gorda não pode ser inteligente, digna.