• Vídeo: Fufuca e Juscelino participam de festa de provável próximo presidente da Câmara

    Em evento embalado por música baiana, regado a churrasco feito no fogo de chão e com a presença de 12 ministros, Elmar Nascimento (União-BA) se cacifou para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. Políticos de todas as legendas, além de nomes influentes em Brasília, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, fizeram questão dar parabéns ao parlamentar, que completou 54 anos. As atenções da noite — e tensões —, contudo, estiveram voltados para encontro de dois desafetos: Lira e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

    Depois de se evitarem entre as rodinhas de conversa, ambos estenderam a mão para um frio aperto de mãos, intermediado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). O gesto não passou disso e o resultado foi o esperado: não trocaram qualquer palavra. Os dois estão rompidos desde que Lira chamou o auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “incompetente” e seu “desafeto pessoal”.

    O encontro desta quarta aconteceu logo após Padilha posar para fotografias ao lado de ministros do governo que integram partidos do centrão —que fizeram o “L”, símbolo atrelado ao presidente Lula. (veja no vídeo abaixo).

    Apesar do constrangimento, o saldo foi positivo para Elmar, que chegou a ser chamado de “presidente” por alguns dos seus convidados. Principais rivais de Elmar na disputa pela presidência da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA) também marcaram presença. A comparação entre as festas realizadas pelos três nos últimos meses foi inevitável entre os deputados. Pereira, o primeiro a celebrar uma festa neste ano, em março, comentou com um aliado:

    — No meu aniversário foram (o ministro da Fazenda) Fernando Haddad e dois ministros do Supremo: Ricardo Lewandwoski e Gilmar Mendes. Eles não vieram aqui.

    Brito, que celebrou uma festa na véspera, por sua vez, foi embora cedo. Como o evento ocorreu no mesmo dia em que Elmar conseguiu um sinal do PDT de que embarcará na empreitada de Elmar, o assunto mobilizou algumas rodas de conversa. Em paralelo, em outras mesas, aliados de Elmar já dividiam os espaços na Mesa Diretora da Câmara. De acordo com um deles, o acordo é para destinar a primeira vice ao PL e a primeira secretaria ao PT.

    Além do apoio do PDT, integrantes do União também esperam anúncios públicos de outros partidos de esquerda, como PCdoB e PV. O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, disse que a comemoração “fala por si”. Ou seja, releva a chance de sucesso de Elmar na disputa.

    A previsão é que o PSDB seja o próximo partido a apoiá-lo publicamente. De acordo com informações de dirigentes da legenda que estiveram na festa, está marcado um evento na última semana de julho, que deverá contar com os principais nomes da sigla, como o presidente da legenda, Marconi Perillo, o deputado Aécio Neves e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

    O encontro também reuniu aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre eles os ex-ministros João Roma, Sergio Moro e Ciro Nogueira, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

    Lamentando o fato de estar impedido de se comunicar com Bolsonaro, Valdemar contou ter recorrido ao ex-presidente Michel Temer para que intermediasse um encontro com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Valdemar disse que um encontro está pré-agendado para o início de agosto. “Vou ao STF”, disse Valdemar.

    Na residência do deputado Waldemar Oliveira (Avante-PE), a noite foi regada a drinques como Aperol Spritz e Moscow Mule. As rodinhas de conversa repercutiam a aprovação da regulamentação da reforma tributária, cuja votação na Câmara atrasou e levou o aniversariante a chegar à própria festa após a saída do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), um dos primeiros a chegar. Alckmin avisou que precisava voltar cedo para casa para encontrar seus netos, que estão em Brasília nesta semana.

    O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, comemorava a inclusão da carne na cesta básica da reforma tributária por um destaque do seu partido. “O PL deu a picanha do Lula”, brincou em conversa com a Coluna do Estadão. Durante a campanha eleitoral, o presidente prometeu que, se eleito, o brasileiro voltaria a comer picanha. À revelia da equipe econômica e de Lira, que preveem um aumento da alíquota do Imposto de Valor Agregado (IVA) com a isenção da proteína, Lula defendeu publicamente a inclusão da carne na cesta básica.

    Além de Padilha, a tropa palaciana foi representada na festa de Elmar Nascimento pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, histórico adversário do líder do União Brasil. Do governo, ainda compareceram outros oito ministros: Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Jader Filho (Cidades), André Fufuca (Esportes), Luiz Marinho (Trabalho), Celso Sabino (Turismo), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Juscelino Filho (Comunicações) e Waldez Goes (Integração Nacional).

    O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, compareceu à festa de Elmar e reiterou ao aniversariante que seu partido pode apoiá-lo na corrida à presidência da Câmara. Ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha foi cumprimentar o aniversariante e avaliou, em conversa com interlocutores, que o deputado federal reiterou na festa que é competitivo na sucessão de Lira.

    De mesa em mesa, o presidente da bancada ruralista, Pedro Lupion (PP-PR), perguntava se o churrasco estava bom e brincava com os presentes:

    — O agro é top, isso é o orgulho do pecuarista.

    Mesmo com tantos políticos presentes, alguns diálogos chamaram a atenção. Ao chegar à festa, Eduardo Cunha foi saudado por Elmar com uma surpresa pelo seu físico, mais magro do que anteriormente. Cunha respondeu que Elmar também havia emagrecido e os dois caíram na gargalhada ao ouvirem de um terceiro político que, em breve, “ninguém vai se reconhecer na rua, graças ao Ozempic”.

    O vice-presidente Geraldo Alckmin foi um dos primeiros a marcar presença. Ele saiu, porém, antes do aniversariante chegar porque disse que precisava ficar com os netos, que estão em Brasília por conta do feriado de São Paulo.

    Alckmin, que também é ministro da Indústria, brincou que iria apoiar Elmar para presidência da Câmara, mas mudou de ideia por conta do atraso do parlamentar. Era noite de votação da regulamentação da reforma tributária, e Lira só chegou por volta das 23h.

    Reação parecida teve Arthur Lira que, ao ser questionado da força do aliado para a sucessão, sentenciou.

    — Na festa, todo mundo vem. Mas o que importa é a urna.

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